Os espetadores mais jovens recordar-se-ão dele principalmente em
«O Diário da Nossa Paixão», que recentemente celebrou 10 anos - era ele que lia a história do rapaz pobre que se apaixona por rapariga rica (
Ryan Gosling e
Rachel McAdams) a Allie (
Gena Rowlands) -, mas houve uma era em que
James Garner foi um dos principais protagonistas na indústria cinematográfica e principalmente televisiva. O ator faleceu em sua casa, em Los Angeles, aos 86 anos, aparentemente de causas naturais. Não era visto em público desde 2008, quando sofreu um AVC.
Nascido em Oklahoma a 7 de abril de 1928, abandonou o liceu aos 16 anos e alistou-se na Marinha Mercante. Condecorado após ser ferido por duas vezes na Guerra da Coreia (1950-53), teve uma série de empregos até que um amigo lhe arranjou um papel sem diálogos numa peça na Broadway, «The Caine Mutiny Court Martial» (54). Começou a aprender o ofício e alto, atraente e carismático, a televisão, meio em ascensão, depressa reparou nele. Seguiu-se um contrato com o estúdio Warner Brothers e a estreia em cinema num papel muito secundário em «Quero-te, mas Deixa-me» (1956), dominado pelo heróis das matinés
Tab Hunter e uma adolescente
Natalie Wood.
A sua carreira finalmente arrancou quando os responsáveis da Warner o escolheram, impressionados pelo seu trabalho no então ainda inédito
«Sayonara» (57) ao lado de
Marlon Brando, para ser o anti-herói jogador de poker na série «Maverick» em 1957. Após três anos, abandonou a série por disputas contratuais e regressou ao cinema. Em 1963, foi votado a 16ª estrela favorita dos Estados Unidos, em muito graças aos sucessos de «O Tempero do Amor», «Afasta-te, Querida» e
«A Grande Evasão».
Outros filmes de sucesso foram
«Herói Precisa-se», ao lado de
Julie Andrews, o seu filme favorito, «A Arte de Amar» (65), «Duel at Diablo» (66) ou «Hour of the Gun» (67). Descobriu a paixão pelas corridas com
«O Grande Prémio» (66), um fracasso comercial hoje filme de culto, fez um curioso Philip Marlowe em «Detetive em Ação» e reencontrou o sucesso com
«Xerife Precisa-se» (69). Quando a qualidade dos filmes no grande ecrã se tornou irregular, regressou à televisão, onde eventualmente reencontrou grande popularidade na personagem do investigador privado em «The Rockford Files», que durou entre 1974 e 1980, que era realmente uma variação contemporânea de «Maverick».
Conquistada a independência financeira, a partir daí intercalou televisão e cinema, destacando-se para o grande ecrã
«Victor/Victoria» (82) e
«O Romance de Murphy» (85), que lhe valeu a única nomeação para os Óscares da carreira, na categoria de Melhor Ator, e o notório fracasso de
«Hollywood 1929» (88). Muito elogiado pelo telefilme «Tubarões da Alta Finança» (93) e pela presença ao lado de
Mel Gibson e
Jodie Foster como o
Maverick (original) na versão cinematográfica de 1994, fez ainda vários telefilmes baseados na personagem de «The Rockford Files» e foi um dos veteranos convocados por
Clint Eastwood para
«Space Cowboys».
Texto: Nuno Antunes
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