Kevin Spacey recebeu pela primeira vez o apoio público de outras estrelas de Hollywood, apesar de um novo documentário no canal britânico Channel 4 com depoimentos de dez homens a acusá-lo de alegadas agressões sexuais e mais um julgamento no Reino Unido marcado para 2025.
Com 64 anos e dois Óscares no currículo, o ator foi absolvido de acusações de agressão sexual em julgamentos nos EUA e no Reino Unido depois de ver a sua carreira implodir por causa de várias acusações de crimes sexuais, na vaga que surgiu com o movimento #MeToo no final de 2017.
"Fiquei profundamente triste ao saber dessas acusações contra ele”, disse Liam Neeson numa declaração ao jornal britânico The Telegraph publicada na quinta-feira.
E deixou elogios: “O Kevin é um bom homem e um homem de caráter. Ele é sensível, articulado e não faz julgamentos, com um incrível sentido de humor. Também é um dos nossos melhores artistas no teatro e perante as câmaras. Falando em termos pessoais, a nossa indústria precisa dele e sente muito a sua falta".
Ao mesmo jornal, Sharon Stone apontou na mesma direção: "Mal posso esperar para ver o Kevin voltar a trabalhar. É um génio. Tão elegante e divertido, extremamente generoso e sabe mais sobre o nosso trabalho do que a maioria de nós alguma vez saberá".
A atriz acrescentou que é evidente que os aspirantes a atores por detrás das acusações se aproximaram para se aproveitarem da fama e dinheiro de Spacey e conseguirem concretizar os seus objetivos.
F. Murray Abraham, vencedor de um Óscar com "Amadeus" e reconhecido mais recentemente pela série "The White Lotus", disse: "Apoio-o inequivocamente. Quem são estes abutres que atacam um homem que aceitou publicamente a sua responsabilidade por determinado comportamento, ao contrário de tantos outros? [...] Quem nunca pecou que atire a primeira pedra".
Referindo-se a "Spacey Unmasked" ("Spacey desmascarado", em tradução literal), Stephen Frey disse que Spacey foi "ao mesmo tempo 'desajeitado' e 'inapropriado' em muitas ocasiões”, mas que “colocá-lo entre pessoas como Harvey Weinstein” e “continuar a assediar e persegui-lo, dedicar um documentário inteiro a acusações que simplesmente não correspondem a crimes… como é que isso pode ser considerado proporcional e justificado?”.
E reforçou: “Certamente que está errado continuar a destruir uma reputação com base no poder de declarações e retórica em vez de indícios e provas? A não ser que me esteja a escapar alguma coisa, acho que pagou o preço".
Sir Trevor Nunn, antigo diretor artístico do Royal Shakespeare Company e do National Theatre, que trabalhou com Spacey e o descreve como "um ator de génio, nos palcos e no ecrã", recordou que ele foi considerado inocente de todas as acusações após um longo julgamento no Reino Unido, "mas agora um documentário do Channel 4 apela aos espectadores para acreditarem que o acusado é culpado, independentemente do que o júri possa ter anteriormente decidido".
"À luz do veredicto do tribunal, certamente que chegou a altura de este homem ser perdoado por quaisquer decisões irrefletidas que possa ter feito no passado e lhe permitirem retomar a sua carreira, após sete anos de exílio?", disse.
Spacey também deu uma longa entrevista em vídeo à jornalista Allison Pearson em que diz ter sido vítima de um 'julgamento precipitado' a seguir ao movimento #MeToo e que tudo o que quis após ser acusado era 'que as pessoas fizessem perguntas e investigassem. E tenho plena consciência de que isso não aconteceu'.
Apesar dos anos difíceis que enfrentou, o ator diz que não desejaria voltar atrás no tempo porque teve grandes manifestações de amizade, amor e família.
Num comunicado, o Channel 4 continua a defender o seu documentário: "'Spacey Unmasked' é um filme importante que explora o equilíbrio de poder e o comportamento inadequado num ambiente de trabalho, com o objetivo de dar voz àqueles que antes não se conseguiam manifestar”.
Comentários