O filme de regresso de Johnny Depp está recheado de escândalos tanto no grande ecrã como fora dele, enquanto ele testa o seu francês no papel do rei Luís XV.
Houve rumores de que Depp tinha apenas alguns minutos de presença em “Jeanne du Barry”, que abre o Festival de Cinema de Cannes na terça-feira e tem um lançamento nacional na França no mesmo dia.
Mas o ator de 59 anos está presente durante uma boa parte do filme, mesmo que os seus diálogos sejam reduzidos a frases curtas que ajudam a disfarçar o seu sotaque americano.
Depp interpreta o monarca do século XVIII, que se apaixonou por uma prostituta, para horror de grande parte da sua família e da corte.
O ator juntou-se ao projeto antes dos processos judiciais contra a ex-esposa Amber Heard que envolviam amargas acusações de violência doméstica que ameaçavam descarrilar a sua carreira.
Maiwenn, a estrela francesa que dirige e interpreta o papel principal em “Jeanne du Barry”, admitiu estar preocupada com o impacto dos julgamentos.
"O filme foi rodado no verão passado e ele estava a sair do segundo julgamento”, disse Maiwenn, que responde por um único nome, à France-Presse (AFP).
“Tinha muitas preocupações. Perguntava-me: 'O que se irá tornar a sua imagem?'”, revela.
Mas Maiwenn disse que não teve dúvidas sobre escolher Depp.
“Foi tão evidente [que ele era a escolha certa para o papel]”, disse a realizadora e atriz, embora tenha abordado primeiro dois atores franceses.
Depp dá uma interpretação física impressionante - principalmente através de expressões faciais divertidas e imperiosas - e os seus curtos diálogos sugerem um nível decente de francês para o ator, que foi casado anteriormente com a estrela nacional Vanessa Paradis.
Ataque de Maiwenn a jornalista
Muitos ainda veem Depp como uma figura tóxica, apesar da sua vitória no último julgamento por difamação contra Heard, mas ele já tem preparado o seu próximo filme, como realizador de um filme sobre a vida do artista Amedeo Modigliani com Al Pacino.
No entanto, os julgamentos de Depp não são o único escândalo à volta de “Jeanne du Barry”.
Em março, um conhecido jornalista francês, Edwy Plenel, do Mediapart, apresentou uma queixa criminal por agressão contra Maiwenn, acusando-a de abordá-lo num restaurante, agarrá-lo pelos cabelos e cuspir na sua cara.
A visada recusou discutir o “caso em andamento” com a AFP, mas admitiu a agressão numa entrevista à TV francesa esta semana, sem entrar em detalhes.
Plenel diz que o ataque pode ter sido motivado por artigos sobre as alegações de violação envolvendo o ex-marido de Maiwenn e pai de um dos seus filhos, o cineasta Luc Besson (“O Quinto Elemento”).
Maiwenn, hoje com 47 anos, envolveu-se com Besson quando ainda era menor de idade e casaram-se quando ela tinha 16 e ele 33.
A realizadora e atriz parece algo irritada só por ser questionada sobre as suas motivações para fazer “Jeanne du Barry”.
“É difícil sempre justificar os nossos desejos. Foi assim... ela intrigou-me”, disse com impaciência.
Mas acrescentou que o seu primeiro interesse pela cortesã surgiu ao ver um filme de 2006 de Sofia Coppola, "Marie Antoniette".
“Sempre tive a fantasia de um dia fazer um drama de época, mas foi a descoberta de Jeanne du Barry, como foi interpretada por Asia Argento, que me deixou completamente obcecada”, disse.
O seu filme é um caso de grande guarda-roupa, filmado no Palácio de Versalhes, e o seu orçamento de 20 milhões de dólares foi parcialmente financiado pela Red Sea Film Foundation, da Arábia Saudita.
Maiwenn descartou quaisquer preocupações éticas sobre receber dinheiro do reino, que é acusado de gastar muito em cultura e desporto para desviar a atenção da sua miríade de abusos dos direitos humanos.
“É a prova de que as mentalidades estão a evoluir”, reage.
“E o século XVIII é caro”, acrescenta.
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