A caminho dos
Óscares
Embora todos os anos e durante décadas tenha havido uma coincidência quase absoluta entre os cinco nomeados para Melhor Realização e Melhor Filme (desde 2010 os nomeados nesta última categoria passaram a ser até 10, embora com quase todos os cineastas a serem nomeados por fitas designadas ao prémio principal), essa correlação não é direta e, apesar de ser considerada natural, é sempre surpreendente.
Isto porque não é o mesmo grupo de pessoas que vota para as nomeações em ambas as categorias: enquanto só os realizadores votam nos cinco nomeados para Melhor Realização, todos os membros da Academia votam nos nomeados para Melhor Filme.
Não deixa de ser algo invulgar a equivalência anual entre os nomeados em ambas as categorias: antes, no máximo, só um dos cinco não coincidia, e atualmente, com até 10 nomeados a Melhor Filme, pareceria quase impossível que os cinco designados a Melhor Realização não se encontrassem lá todos, até em 2019 o polaco Pawel Pawlikowski surgir nomeado a Melhor Realização sem que a fita correspondente, "Cold War – Guerra Fria", tenha surgido entre os indicados a Melhor Filme, e em 2021 Thomas Vinterberg ser nomeado sem que o respetivo filme, “Mais Uma Rodada”, conseguisse entrar na corrida à estatueta principal.
É, aliás, revelador, que, ao longo da história, só seis filmes cujo realizador não foi nomeado ("Asas", "Grande Hotel", "Miss Daisy", "Argo", "Green Book: Um Guia para a Vida" e “CODA – No Ritmo do Coração”) tenham levado para casa o troféu de Melhor Filme. E dos 95 filmes já premiados com esse galardão, 68 também conquistaram o Óscar de Melhor Realização. Mesmo assim, essa tendência para a acumulação dos dois troféus parece estar a mudar de forma consistente pela primeira vez na história dos prémios da Academia: nos últimos dez anos, só cinco vezes os dois galardões foram atribuídos ao mesmo filme, com "Birdman", "A Forma da Água", "Parasitas", "Nomadland - Sobreviver na América" e "Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo" a triunfarem nas duas categorias.
Apesar de ser muito citado o facto de Alfred Hitchcock, um dos melhores cineastas da história do cinema, nunca ter ganho o troféu (ganharia o prémio de carreira Irving G. Thalberg), muitos dos maiores nomes da Sétima Arte norte-americana já foram premiados nesta categoria, alguns mesmo mais que uma vez.
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John Ford é o campeão de vitórias, com quatro estatuetas ("O Denunciante", "As Vinhas da Ira", "O Vale era Verde" e "O Homem Tranquilo"), seguido de perto por William Wyler e Frank Capra, com três vitórias cada. Wyler foi mesmo o realizador mais designado, com 12 nomeações.
Com duas estatuetas douradas de Melhor Realização foram premiados nada menos que 18 cineastas: Billy Wilder, David Lean, Fred Zinnemann, Steven Spielberg, Elia Kazan, Clint Eastwood, George Stevens, Frank Lloyd, Joseph L. Mankiewicz, Milos Forman, Leo McCarey, Lewis Milestone, Oliver Stone, Robert Wise, Frank Borzage, Ang Lee, Alejandro G. Iñárritu e Alfonso Cuarón.
Embora não seja vulgar, já tem acontecido dois realizadores serem nomeados pelo mesmo filme, sendo que só três vezes isso se traduziu em vitória: Robert Wise e Jerome Robbins triunfaram em "Amor Sem Barreiras", os irmãos Joel e Ethan Coen também em "Este País Não é Para Velhos", e, já o ano passado, Daniel Kwan e Daniel Scheinert arrebataram o troféu por "Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo".
Mulheres a ganhar nesta categoria houve apenas três: Kathryn Bigelow por "Estado de Guerra" em 2010, Chloé Zhao por "Nomadland - Sobreviver na América" em 2021, e Jane Campion por “O Poder do Cão” em 2022, sendo ela a única nomeada duas vezes, tendo estado já na corrida à estatueta nesta categoria em 1994 por “O Piano”. Além delas, só mais seis foram nomeadas em toda a história da Academia: Lina Wertmüller por "Pasqualino das Sete Beldades" em 1977, Sofia Coppola por "Lost in Translation – O Amor é Um Lugar Estranho" em 2004, Greta Gerwig por "Lady Bird" em 2018, Emerald Fennell por "Uma Miúda com Potencial” em 2021 e Justine Triet por "Anatomia de Um Golpe" em 2024. Ainda assim, a presença tem aumentado muito nos últimos cinco anos, com quatro nomeações e duas vitórias.
O mais jovem vencedor do Óscar de Melhor Realização foi Damien Chazelle, que conquistou o troféu por “La La Land – Melodia de Amor” aos 32 anos em 2017, e o mais velho foi Clint Eastwood, que arrebatou a estatueta dourada na categoria aos 74 anos com “Million Dollar Baby – Sonhos Vencidos” em 2005.
Na primeira cerimónia, houve duas categorias em termos de realização, uma para filmes dramáticos (o vencedor foi Frank Borzage por "A Hora Suprema") e outra para comédia (o eleito foi Lewis Milestone por "Two Arabian Knights"). No ano seguinte, a categoria foi reduzida a um galardão, atribuído ao Melhor Realizador do ano.
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