O realizador alemão Wim Wenders continua insatisfeito com o uso daquilo que considera uma boa invenção – o 3D –, normalmente utilizado em filmes de ação.
Depois de “Tudo Vai Ficar Bem”, lançado no ano passado, o cineasta retoma o formato para uma peça meditativa sobre um escritor que trabalha enquanto olha para a janela do junto do jardim nos arredores de Paris. “Os Belos Dias de Aranjuez” foi escrito pelo seu velho parceiro Peter Handtke, que marcará presença no festival.
Em outras paisagens, Kelly Reichardt situa nas terras remotas do Montana (Estados Unidos) um trio de 'leading ladies', Laura Dern, Michelle Williams e Kristen Stewart, em histórias paralelas que as mostram como lutadoras mais ou menos bem-sucedidas. A realizadora, frequentemente apreciada no cinema alternativo, mantém em "Certain Women" o seu gosto por um lento decompor do quotidiano, onde integra as nuances das suas personagens.
Deslumbrante é o turco “Big Big World”, uma impressionante fusão de música e visual para contar a história de dois irmãos em fuga que entram para o interior de uma floresta. Daqui sai uma espécie de 'coração das trevas'. em que sentimentos e transformações misturam-se com a fusão com a natureza. Rendeu ao realizador Reha Erdem o prémio do júri na Horizons, no Festival de Veneza.
Por fim, se todo o festival atual tem que ter um 'docudrama', o argentino “El Futuro Perfecto” cumpre esse papel – relatando a integração, ou a falta dela, de uma imigrante chinesa no centro de Buenos Aires. Uma mistura de ficção e realidade unem-se com o seu aprendizado da língua castelhana nesta obra que a realizadora Nele Wohlatz estreou no Festival de Locarno e, segundo a própria, retrata de alguma forma a sua própria mudança para a América do Sul.
Por fim, Andrew Dominik traz “One More Time with Feeling”, outra experiência em três dimensões – desta vez com o músico Nick Cave num documentário que chega repleto de elogios.
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