"The Apprentice", do dinamarquês de origem iraniana Ali Abbasi, acompanha os passos de um jovem Donald Trump, quando iniciou o seu percurso no setor imobiliário, e a relação com o seu mentor, o advogado Roy Cohn, que trabalhou em círculos macarthistas.
Sebastian Stan, conhecido pelo seu papel do Soldado de Inverno nos filmes da Marvel, interpreta o irascível ex-presidente, e Jeremy Strong, famoso pela série “Succession”, interpreta o advogado, que teve papel fundamental na construção profissional do futuro magnata.
O filme chega numa altura em que Trump está a ser julgado por falsificação de documentos de contabilidade e seis meses antes das eleições presidenciais com as quais aspira regressar à Casa Branca.
Abbasi, autor dos 'thrillers' “Holy Spider” (2022) e “Na Fronteira” (2018), ambos premiados em Cannes, faz aqui a sua primeira incursão em Hollywood.
O outro filme em competição que será apresentado esta segunda-feira é “The Shrouds”, do canadiano David Cronenberg, de 81 anos, autor de títulos tão conhecidos como “Crash” ou “A Mosca”.
Descrito como o seu filme mais pessoal até agora, "The Shrouds", protagonizado por Vincent Cassel e Diane Kruger, gira à volta de um empresário que, em luto pela morte da sua esposa, inventa uma tecnologia revolucionária e controversa que permite aos vivos ficar de olho nas campas dos seus entes queridos.
“Escrevi este filme quando sofria as consequências da morte da minha esposa, falecida há sete anos. Este drama tocou-me profundamente e o que deveria ser uma exploração técnica tornou-se, aos poucos, uma exploração emocional e pessoal”. disse o veterano cineasta, citado no comunicado do filme.
Um favorito claro e incógnita sobre realizador iraniano
Até agora, foram exibidos 11 dos 22 filmes em competição, incluindo o colossal “Megalopolis”, de Francis Ford Coppola, “Histórias de Bondade”, de Yorgos Lanthimos com Emma Stone, “Bird”, da britânica Andrea Arnold, e “Limonov", do exilado cineasta russo Kirill Serebrennikov.
De todos eles, a crítica colocou entre os favoritos ao prémio máximo “Caught by the Tides”, da chinesa Jia Zhang-Ke, uma reflexão sobre a passagem do tempo baseada numa história de amor frustrada durante 25 anos, e “Emilia Pérez", do francês Jacques Audiard, um musical original sobre um traficante mexicano que quer mudar de sexo.
Se o cineasta francês vencer, será a sua segunda Palma de Ouro, depois de “Deephan”, de 2015.
“Uma Palma já é muito bom”, brincou o cineasta. Mas dar um prémio à atriz trans espanhola Karla Sofía Gascón, protagonista do filme, “seria forte, seria inteligente”, acrescentou num encontro com jornalistas.
Mas o júri, presidido por Greta Gerwig, realizadora do sucesso mundial "Barbie", ainda precisa ver uma dúzia de filmes antes de entregar os prémios a 25 de maio, incluindo, na quarta-feira, o português “Grand Tour”, de Miguel Gomes.
Um dos que mais se espera é o do iraniano Mohammad Rasoulof, The Seed of the Sacred Fig", agendado para sexta-feira, último dia da competição. Ainda não se sabe se o realizador poderá apresentá-lo pessoalmente, depois de ter fugido clandestinamente do Irão, onde foi condenado à prisão.
Fora de competição, o certame entregará esta segunda-feira uma Palma de Ouro honorária ao estúdio de animação japonês Ghibli, que produziu clássicos como “A Viagem de Chihiro”, “O Castelo Andante” e “O Meu Vizinho Totoro”. O mestre de animação Hayao Miyazaki será representado pelo seu filho Gorō.
Comentários