O produtor e argumentista é trineto do herói português, conhecido nos Estados Unidos como Peter Francisco, que nasceu nos Açores em 1760 e foi raptado aos cinco anos, tendo sido abandonado num porto do estado norte-americano da Virginia em junho de 1765.
A intenção é produzir um filme independente com as características cinematográficas de grandes dramas históricos, como Braveheart e Gladiador, partindo do livro que Travis Bowman publicou em 2009 sobre Peter Francisco, intitulado Hércules da Revolução.
"Estamos a trabalhar no financiamento e temos o City National Bank em Beverly Hills que vai financiar 10 milhões", explicou o produtor do filme, que será realizado por Diogo Morgado e terá a participação de Daniela Ruah, Sónia Braga e Fredy Costa, com Brian Patrick Wade no papel principal.
"Os outros cinco milhões será através de investidores, que se vão disponibilizar a investir dinheiro em troca de um bom retorno se o filme tiver sucesso".
Travis Bowman e Brian Patrick Wade deslocaram-se a Portugal duas vezes no último ano para reuniões com o Instituto do Cinema e do Audiovisual, que tem um programa de incentivos para produções estrangeiras, e com a NOS, para assegurar a distribuição na rede de cinemas em Portugal.
Também estiveram presentes na 23ª gala anual do Conselho de Liderança Luso-Americano dos Estados Unidos (PALCUS), que decorreu em Sacramento no sábado, 12 de outubro, para promover a produção.
"Os factos são surpreendentes e é incrível que este filme nunca tenha sido feito", disse Travis Bowman, que começou a trabalhar no projeto há cinco anos. "Talvez fosse necessário alguém com paixão, um descendente do Peter como eu", acrescentou o produtor, que está a trabalhar com Chris Cates e Leah Allen no projeto.
Quando escreveu o livro, disse "já pensava na altura que isto tinha todos os ingredientes de um blockbuster". Depois, fez um mini-documentário para o Canal de História que é até hoje o único dedicado ao herói açoriano da revolução americana.
"A minha avó falava muito do Peter Francisco quando eu era novo", contou Bowman.
"É um rapaz raptado em criança que cresce para se tornar um gigante", disse o descendente.
Peter Francisco cresceu na servidão e aos 16 anos já tinha 1,98m e pesava 118 quilos. Alistou-se no 10º regimento da Virginia para lutar na Guerra Revolucionária e tornou-se notório como soldado em grandes batalhas, incluindo Camden em 1780 e Guilford Courthouse em 1781.
Com o início das filmagens previsto para o primeiro trimestre de 2020, em Portugal, Virginia e Carolina do Norte, a equipa de produção aponta para o lançamento internacional em 2022, sendo que os acordos de distribuição nos mercados fora dos Estados Unidos, nomeadamente Portugal e Brasil, serão fechados antes disso.
Bowman disse ter expectativas elevadas para "Luso" - título que se refere à alcunha que Peter Francisco recebeu do General Lafayette - considerando que se trata de "uma história muito cativante".
"Quando se olha para filmes como 'O Patriota', 'Gladiador' ou até 'A Guerra das Estrelas', temos uma pessoa a ultrapassar as dificuldades, há uma pitada de romance e um sentimento de patriotismo", descreveu. "Acho que tem todos os ingredientes de um blockbuster à espera de acontecer".
George Washington, o primeiro presidente norte-americano, disse que sem Peter Francisco os Estados Unidos poderiam ter perdido a guerra da revolução contra os britânicos, uma citação inscrita no monumento erigido em honra do português em New Bedford, Massachussetts. "É verdadeiramente um exército de um homem só", disse o presidente, que mandara fazer uma espada de 1,80m de propósito para ele.
Há vários outros monumentos em sua honra na Carolina do Norte, Nova Jersey, Rhode Island e Virginia, e em 1976 foi emitido um selo na coleção bicentenária dos EUA com a cara de Peter Francisco, um "soldado extraordinário".
Vários estados norte-americanos assinalam o Dia de Peter Francisco a 15 de março, aniversário da Batalha de Guilford Courthouse, em Greensboro, em que o "gigante" açoriano matou 11 soldados britânicos e quase morreu dos ferimentos sofridos.
"É baseado numa história verdadeira" disse Bowman, "e toda ela é épica".
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