John Chris Inglis, o antigo 'deputy diretor', da NSA, a Agência de Segurança Nacional Americana, já viu "Snowden", o filme de Oliver Stone sobre o responsável pela maior divulgação de documentos classificados na história.
A história é uma 'grosseira representação do que são os objetivos da NSA', bem como 'um exagero grosseiro do próprio papel de Edward Snowden' na organização, afirmou aquele que foi o mais alto responsável civil, na prática o vice-diretor, precisamente na época em que Snowden trabalhou como consultor.
Numa entrevista ao National Public Radio, este antigo responsável acrescentou que o exagero é tal 'que se pode sair do filme a dizer 'por que razão estão 50 mil [funcionários] na NSA profundamente errados? E um completamente certo?'
Inglis, que trabalhou 28 anos na agência, reformando-se em 2014, aparece no filme interpretado por Patrick Joseph Byrnes, numa cena após uma caçada em que pede a Snowden para liderar um importante projeto no Havai, encontro que, na realidade, nunca aconteceu.
A cena é 'absurda... por muitas razões', comentou, antes de mais porque 'excede todos limites' a ideia de que 'um vice-diretor contactaria um consultor externo – que está a fazer uma função importante, mas relativamente de baixo nível – e pedir-lhe para assumir uma atividade do género de Jason Bourne'.
Inglis também manifestou preocupação com a ideia que os espectadores podem ficar da NSA e dos seus funcionários depois de verem um filme que declara logo no início que a história é 'uma dramatização de acontecimentos verídicos'.
'Para mim, dramatização significa que se acrescenta de vez um quando um ponto de exclamação. Trazer um compositor para acrescentar alguma música de fundo. Mas não se conta uma história que é ficção'.
Sobre Edward Snowden, no filme representado por Joseph Gordon-Levitt, a opinião do antigo vice-diretor é ambígua.
'Claramente é uma pessoa inteligente. Mas a NSA faz questão de contratar pessoas inteligente. Extremamente inteligentes. E também com princípios. Portanto, ele claramente encaixava no primeiro [princípio], mas afinal não no segundo', antes de acrescentar que as suas motivações talvez não fossem egoístas.
'Vejo-o como uma personagem mais complexa. Algures, existiu uma tentativa ou talvez uma intenção de fazer algo altruísta'.
"Snowden" já está nas salas de cinema em Portugal.
Trailer.
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