Lupita Nyong’o é a mais recente mulher de Hollywood a admitir que foi alvo de assédio sexual por parte de Harvey Weinstein.
"Coloquei a minha experiência com o Harvey numa parte remota da minha mente, juntando-me à conspiração de silêncio que permitiu a este predador deambular durante tantos anos. Senti-me muito só quando estes coisas aconteceram e culpei-me por muito daquilo, tal como muitas das outras mulheres que partilharam as suas histórias", escreveu num ensaio para o jornal New York Times, acrescentando que as memórias regressaram e que ficou profundamente afetada quando percebeu que os incidentes não eram casos isolados, mas "parte de um padrão de comportamento sinistro".
A atriz descreve como tudo começou em 2011, quando, cativada pelo produtor, não estranhou um convite para ir à sua casa em Connecticut, supostamente para ver um filme com a família.
Antes, pararam num restaurante para almoçar, altura em que Weinstein tentou que ela bebesse álcool. Quando chegaram ao destino, conheceu os empregados e crianças antes de irem para uma sala de visionamento privada, mas a sessão de cinema durou apenas cerca de 15 minutos, pois o produtor convenceu-a a irem para outra zona da casa.
O que se segue é uma história comum à dos outros assédios: estavam num quarto e Weinstein pediu uma massagem.
"No início, pensei que ele estava a brincar. Não era o caso. Senti-me insegura pela primeira vez desde que o conheci. Fiquei um pouco em pânico e pensei rapidamente em oferecer dar-lhe eu uma a ele: permitiria-me ter o controlo físico, sabendo exatamente onde estava as suas mãos em todos os momentos. Comecei a massajar as suas coisas para ganhar tempo e perceber como sair daquela situação indesejável", descreveu Lupita Nyong’o.
Pouco depois, o produtor quis tirar as calças e a atriz lhe pediu para não o fazer, informando-o que isso a iria fazer sentir-se "extremamente desconfortável". Acabou tudo nesse momento e ela saiu a tentar encaixar o que tinha acontecido e percebendo que nunca mais iria aceitar visitar espaços privados com Weinstein.
Ainda assim, este insistiu e quando se viu rejeitado num restaurante, disse para ela não ser tão ingénua: se queria ser atriz, tinha de estar disposta a fazer aquele tipo de coisas, gabando-se de todas as mulheres famosas que aceitaram as propostas e como isso as levou longe nas carreiras.
Os dois não se voltaram a encontrar até à antestreia de "12 Anos Escravo" no outono de 2013, altura em que o produtor pediu desculpa pelo seu comportamento."Agradeci e deixei aquilo assim. Mas prometi a mim mesma nunca trabalhar com Harvey Weinstein”, recordou.
O que cumpriu quando, pouco depois de receber o Óscar de Melhor Atriz Secundária em 2014, chegou uma proposta para um dos próximos projetos da empresa.
Nyong’o garante que nunca mais voltou a ter problemas de assédio sexual em Hollywood: "E acho que é porque todos os projetos de que tenho feito parte tinham mulheres em posições de poder, ao lado de homens que eram feministas por si mesmos que não abusaram do seu poder".
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