O realizador Richard Linklater é um nome incontornável do cinema norte-americano dos últimos 30 anos, principalmente o do circuito independente, graças a títulos como "Juventude Inconsciente", "A Escolha de Rock", "A Scanner Darkly" e "Boyhood - Momentos de uma Vida", além da trilogia "Antes do Amanhecer".
Visto na terça-feira no Festival de Veneza, os espectadores e os críticos concordam que o novo filme "Hit Man", protagonizado por Glen Powell ("Top Gun: Maverick"), é um dos melhores da sua carreiraa.
Mas o cineasta não se mostra muito otimista quando lhe perguntam pelo atual estado do cinema independente e da direção do cinema norte-americano em geral após a pandemia.
"Parece que é tipo 'E tudo o vento levou — ou e tudo o algoritmo levou", respondeu à revista The Hollywood Reporter.
"Às vezes converso com alguns dos meus contemporâneos que conheci durante a década de 1990 e dizemos 'Oh, meu Deus, nunca conseguiríamos fazer isto agora'. Portanto, por um lado, egoisticamente, pensa-se 'Acho que nasci na altura certa. Pude participar no que sempre parece ser a última era boa para o cinema’. E depois fica-se na esperança de um dia melhor", notou.
"Mas, meu deus, como caiu a distribuição [de filmes]. Infelizmente, é principalmente apenas o público. Será que ainda existe uma nova geração que realmente valoriza o cinema? Este é o pensamento sombrio”, admitiu.
"Com uma cultura e uma tecnologia em transformação, é difícil ver o cinema regressar à proeminência que já teve. Acho que pudemos sentir isso a acontecer quando eles começaram a chamar os filmes de “conteúdo” – mas é isso que acontece quando se deixa o pessoal da tecnologia [Silicon Valley] assumir o controlo da tua indústria", criticou.
"É difícil imaginar o cinema independente em particular a ter a relevância cultural que teve. É difícil imaginar que toda a cultura estará sintonizada sobre o que quer que seja, muito menos sobre cinema. Podemos ser egocêntricos e dizer que se trata apenas de cinema, mas na verdade é toda a nossa vida cultural moderna”, concluiu.
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