Com o fim das secções competitivas, ainda há lugar para algumas antestreias nacionais no último fim de semana do IndieLisboa.
Uma delas é “Evolution”, com o qual a realizadora francesa Lucile Hadzihalilovic mergulha em ambientações inspiradas por ícones do terror e da 'sci-fi', como H.P. Lovecraft, Philip Dick e, mais precisamente, pelo filme “Quem Puede Matar a un Niño?” (1976), do uruguaio/espanhol Narciso Ibanez Serrador, para contar a história de um menino que vive numa ilha onde só existem crianças e mulheres. Após um dia avistar um cadáver no mar, ele começa a questionar a sua existência, bem como o porquê do facto das crianças serem internadas num sinistro hospital.
O filme envereda, tal como o primeiro trabalho de Hadzihalilovic, “Innocence” (2004), pela atmosfera do “conto mágico” e ela afirmou ter-se inspirado no pintor surrealista italiano Giorgio de Chirico para compor o visual.
Apesar de trabalhar com operadores e mergulhadores experientes, uma das maiores dificuldades da produção foram as cenas em baixo d’água, que obrigaram a própria cineasta a mergulhar para fiscalizar o trabalho dos atores. O problema é que, para ver como tinha ficado a cena, tinha de sair da água e, se fosse preciso, voltar a submergir… Recebeu o Prémio do júri em San Sebastián e tem sido bem recebido pela crítica.
O introvertido
Homenageado como Herói Independente nesta edição, o ator francês Vincent Macaigne protagoniza, ao lado de Louis Garrel e da atriz Golshteh Farahani, a comédia romântica “Os Dois Amigos” – estreia na realização de Garrel.
Para não variar, Macaigne tem problemas com o sexo oposto e vai pedir ajuda ao seu amigo extrovertido para conquistar uma mulher em liberdade condicional. Os problemas começam quando ambos parecem gostar da mesma madame…
O filme foi escrito por Garrel em companhia de Chistophe Honoré – livremente inspirado num exemplar literário do Romantismo, “The Moods of Marianne”, de Alfred de Musset.
No IndieMusic, destaque para “Mali Blues”, história de um grupo pop do Mali que usa a música contra o radicalismo islâmico – onde a lei da Charia é uma ameaça às liberdades artísticas do país.
Já “Tecla Tónica” conta a história da música eletrónica em Portugal – desde os seus primórdios no final dos anos 1960.
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