Uma investigação do The Hollywood Reporter (THR) confirma que o tema da vacinação contra a COVID-19 divide Hollywood, tal como acontece com a população em geral nos EUA.
O THR avança que existem muitas pessoas que resistem à vacinação dentro da indústria, ainda que seja pouco provável que falem publicamente sobre o tema.
Duas exceções são Rob Schneider (a fazer uma comédia para a Netflix) e Letitia Wright (a rodar a sequela de "Black Panther").
No caso da atriz britânica, o THR refere que já manifestou a sua oposição à vacina na rodagem da produção da Marvel em Atlanta e discretamente acabou a relação com toda a sua equipa de representantes nos EUA após ter partilhado um vídeo controverso nas redes sociais em dezembro do ano passado (a tempestade mediática provocada por essa publicação também a levou a abandonar todas as plataformas).
Atualmente, não existe um mandato para a vacinação na indústria do cinema e da televisão. Em vez disso, as rodagens estão divididas em zonas de acesso condicionado e cabe aos produtores de cada projeto decidir se é preciso prova de vacinação para ter acesso à Zona A, que normalmente integra os atores, que não podem usar máscara quando estão a filmar.
O THR deu várias exemplos de como essa margem de manobra já fez várias produções cair no caos, forçando paragens durante várias semanas.
Em agosto, um ator famoso não vacinado e conhecido por também desprezar o uso de máscara terá ficado doente com COVID-19 e foi mesmo hospitalizado durante a rodagem de um filme, que teve de parar durante três semanas, mas não antes de mais de uma dúzia de pessoas ter adoecido. O prejuízo terá sido superior a um milhão de dólares.
O nome da estrela não é divulgado porque o seu teste positivo não estará relacionado com o desrespeito pelos protocolos específicos do projeto.
O THR também cita a interrupção no final de julho da rodagem da minissérie "The Offer" sobre os bastidores da rodagem do filme "O Padrinho" por causa do teste positivo de "uma estrela" não vacinada na Zona A, que custou 6 milhões de dólares à Paramount+ (um porta-voz da plataforma diz que ficou abaixo desse valor).
Apesar do nome da estrela também não ser divulgado no artigo, a revista Vanity Fair e o tablóide britânico Daily Mail já tinham confirmado tratar-se de Miles Teller, que também recusava fazer os testes de rotina à COVID-19.
Também é recordada a disputa recente que opôs a NBCUniversal a Sean Penn, que recusou regressar à rodagem da minissérie "Gaslit" em julho até que todas as pessoas da produção estivessem vacinadas. O ator voltou dois meses depois, o que foi considerado um compromisso: todas as pessoas da Zona A têm de estar vacinadas, mas um porta-voz do estúdio confirmou que existe o mandato se estende a todas as zonas até ao fim da rodagem.
Citado pelo THR, George Clooney diz que é uma situação "louca" que alguns colegas estejam a evitar a vacina: "É estúpido. E é estúpido porque durante muito tempo foi pedido a cada geração no nosso país que sacrificasse algo pela segurança dos seus semelhantes - levar um tiro, lutar contra os nazis. Tudo o que se está aqui a pedir a alguém é levar uma injeção no braço e colocar uma máscara. Cresçam. Contribuam para que se faça alguma coisa".
O ator Giancarlo Esposito foi ainda mais longe e espera que os seus colegas não vacinados se afastem do trabalho enquanto se sentir o impacto mais grave provocado pela variante Delta.
"Se não quer vacinar-se, vá para uma ilha pequena e mantenha-se sequestrado. [Caso contrário], está a dizer 'Vai-te lixar' a todos os outros seres humanos. Todos nós temos que fazer isto se queremos viver. Não entendo como as pessoas não se vacinam. Para mim, que perdi amigos queridos, sei que é real. Não apenas na Europa, mas na América, amigos que eram completamente saudáveis. A vacina é a resposta. Não estou a rebaixar qualquer pessoa que não se queira vacinar. Não trabalhe. Vá para algum sítio onde não vá contaminar alguém se apanhar a doença", defendeu a estrela das séries "The Mandalorian" e "Better Call Saul".
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