Mais uma lição da vida sobre a importância da integridade artística na indústria cinematográfica é como Dakota Johnson reage ao fracasso do filme "Madame Web".

Ao fim de três semanas nos cinemas, o filme de super-heróis do Universo Homem-Aranha da Marvel da Sony está em rota acelerada para um lançamento digital após arrecadar apenas 40,6 milhões de dólares nos cinemas da América do Norte e 90,6 milhões a nível mundial.

Ao fracasso de bilheteira soma-se o artístico: uma nota baixa de C+ dos fãs na sondagem CinemaScore e 12% de score positivo nas críticas recolhidas pelo 'site' Rotten Tomatoes (três pontos abaixo do "Morbius"), o pior para o género dos super-heróis desde os 9% da versão do "Quarteto Fantástico" de 2015. Apesar de mais benevolente, os 57% positivos dos espectadores também revelam a falta de entusiasmo.

"Infelizmente, não estou surpreendida que isto tenha acontecido desta forma", disse Dakota Johnson numa nova entrevista ao Bustle.

Quando lhe perguntam se existe alguma razão, a atriz, que trocou de agência e representantes da WME para a poderosa CAA apenas uma semana após o lançamento do trailer de "Madame Web", deixou subentendido que as intervenções do estúdio para obter sucesso comercial tiveram impacto artístico.

"É tão difícil fazer filmes, e nestes grandes que são feitos – e até está a começar a acontecer com os pequenos, que é o que realmente me assusta – as decisões são tomadas por comités e a arte não funciona bem quando é feita por comité”, respondeu.

E reforçou a importância da integridade artística: “Os filmes são feitos por um cineasta e uma equipa de artistas à sua volta. Não se pode fazer arte baseada em números e algoritmos. Há muito tempo que sinto que o público é extremamente inteligente e os executivos começaram a acreditar que não são. O público sempre será capaz de 'cheirar' o que não presta. Mesmo que os filmes comecem a ser feitos com IA [Inteligência Artificial], os humanos não vão querer vê-los".

"Mas sem dúvida que foi uma experiência para mim fazer este filme. Nunca tinha feito nada assim antes. Provavelmente, nunca mais farei algo parecido porque não faço sentido naquele mundo. E agora sei isso", admitiu.

A atriz também reiterou que assinou contrato para um projeto muito diferente.

"Mas às vezes, nesta indústria, assinamos para fazer algo e é uma coisa, e à medida que se está a fazer torna-se algo completamente diferente, e fica-se tipo, 'Um momento, o quê?'", disse.

"Mas foi uma verdadeira experiência de aprendizagem e, claro, não é agradável fazer parte de algo que está a ser desfeito em pedaços, mas não posso dizer que não compreendo", conclui.

O fracasso trava a fundo o lançamento de uma nova saga e força a Sony a reavaliar como fazer filmes de super-heróis, tal como está a acontecer com a Marvel que faz parte da Disney e a DC que pertence à Warner Discovery.

"Não iremos ver outro filme 'Madame Web' durante mais de uma década. Falhou. A Sony tentou fazer um filme que fosse um tipo diferente de filme de super-heróis”, disse um veterano de Hollywood ao The Hollywood Reporter (THR).

"Não sei se as mulheres são suficientes para conquistar as bilheteiras neste caso", disse outro veterano da indústria à publicação.

E acrescentou: "Estamos em transição no que diz respeito aos filmes de super-heróis. Não sei qual será a dimensão dessa transição ou como é que ficará. Podem ser menos filmes, mas marcas maiores. A Sony está disposta a correr alguns riscos, mas também quer sucessos – isso é bom. E se 'Kraven' [o próximo título do Universo Homem-Aranha da Sony que estreia no final de agosto] for um sucesso gigantesco, a narrativa poderá ser completamente diferente. Portanto, é muito cedo para saber o resultado".

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