Vale a pena recordar: a 28 de novembro de 2014, John Boyega aparecia nas primeiras imagens do trailer de "Star Wars: O Despertar da Força".

O impacto para o aumento de diversidade na saga foi relevante: Finn, a sua personagem, passou a ser popularmente conhecida por "Stormtrooper negro". E a expectativa foi reforçada quando, em novas imagens do filme de J.J. Abrams divulgadas em agosto de 2015, aparecia a utilizar um sabre luz.

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Mas ao longo da terceira trilogia, Finn acabou por não ter a relevância que se esperava e agora o ator assumiu o descontentamento às claras.

"É tão difícil de manobrar. Você envolve-se em projetos e não vai necessariamente gostar de tudo. [Mas] o que diria à Disney é não dar destaque a personagens negros, promovê-los para serem muito mais importante na saga do que são e, de seguida, colocá-los à margem. Não é bom. Vou assumir isto às claras", disse à CQ na primeira entrevista relevante após o lançamento do "Episódio IX - A Ascensão de Skywalker" (2019).

John Boyega acrescenta que está a falar de si, mas sente que aconteceu o mesmo a outros atores de cor, como Naomi Ackie, Kelly Marie Tran e até Oscar Isaac (“um irmão da Guatemala”).

A CQ nota que o John Boyega estava "notoriamente contente" por finalmente poder dizer tudo o que lhe ia na alma, apesar de reconhecer que "Star Wars" foi uma "oportunidade espantosa" e um "trampolim" que trouxe muitas coisas positivas à sua vida e carreira.

Reconhecendo que algumas pessoas vão achar que é "maluco" ou "está a imaginar coisas", o ator diz que a hierarquia de personagens reordenada de "Os Últimos Jedi", do realizador Rian Johnson, foi especialmente difícil de aceitar, uma crítica a que já tinha aludido no passado.

Nesse sentido, defende que as personagens de Daisy Ridley (Rey) ou Adam Driver (Kylo Ren) é que tinham um rumo definido com clareza.

Como se estivesse a dirigir-se aos responsáveis da Disney e Lucasfilm, acrescenta: "Souberam o que fazer com todos, mas quando chegou à Kelly Marie Tran, quando chegou ao John Boyega, sabem que mais, que se lixe tudo".

O ator tenta fazer o balanço da experiência: "O que querem que vos diga? O que eles [os estúdios] querem que a gente diga é 'Gostei de fazer parte disto. Foi uma grande experiência...'. Não, não, não. Aceito esse acordo quando é uma grande experiência. Eles deram todas as nuances ao Adam Driver, à Daisy Ridley. Vamos ser honestos. A Daisy sabe isso. O Adam sabe isso. Toda a gente sabe. Não estou a expor nada".

As críticas à estratégia são reforçadas quando "iliba" o realizador J.J. Abrams, que entende ter tentado corrigir a saga com o último filme: "Deixem o meu camarada em paz. Nem era suposto ele ter regressado para tentar salvar a vossa asneira".