Colin Firth distanciou-se do realizador Woody Allen.
O ator, que entrou em "Magia ao Luar" (2014), disse ao The Guardian que "não voltaria a trabalhar outra vez com ele".
A decisão foi anunciada na quinta-feira, o mesmo dia em que Dylan Farrow, a filha adotiva do realizador, que o acusa há muito tempo de ter abusado sexualmente dela em 1992, quando tinha sete anos, deu a primeira entrevista em televisão para falar do que alegadamente aconteceu.
Farrow agradeceu o gesto de Colin Firth nas redes sociais.
Na sequência dos movimentos #MeToo e Time’s Up contra aos assédios sexuais e em defesa das mulheres, várias estrelas distanciaram-se de Woody Allen.
Em novembro, Ellen Page disse que "Para Roma com Amor" (2012) foi "o maior arrependimento da minha carreira". Outra atriz desse filme, Greta Gerwig, também disse que não voltaria a trabalhar com ele.
A 11 de janeiro, Mira Sorvino, que ganhou o Óscar com "Poderosa Afrodite" (1996), disse que acreditava em Dylan Farrow, tal como Natalie Portman, que entrou em " Toda a Gente Diz Que Te Amo" (1996).
Rebecca Hall, Timothée Chalamet e Selena Gomez, protagonistas do ainda inédito "A Rainy Day in New York", decidiram doar os seus salários a organizações de caridade.
Muitos especulam que o crescente desconforto com as acusações contra Woody Allen e os diminutos resultados comerciais dos seus filmes, nomeadamente do último, "Roda Gigante", são sinais claros que a sua carreira chegou ao fim pois não vai continuar a encontrar quem financie os projetos, nem sequer na Europa. E que faltará apenas a Amazon distanciar-se para "A Rainy Day in New York" ser o seu último filme.
Dylan Farrow descreveu no programa CBS This Morning como foi levada em 1992, quando tinha sete, para um pequeno sótão na casa de campo da sua mãe, a atriz Mia Farrow: "Ele disse para me deitar sobre o meu estômago e brincar com o comboio de brinquedo do meu irmão que estava montado. Ele sentou-se atrás de mim à entrada e enquanto brincava com o comboio fui abusada sexualmente."
"Como alguém de sete anos, teria dito que ele tocou as minhas partes íntimas. Como alguém de 32, ele tocou nos meus lábios e na minha vulva com o dedo”, acrescentou.
"Ele está a mentir e anda a mentir há muito tempo", referiu quando lhe foram mostradas imagens de Allen a desmentir o caso.
O realizador, que sempre negou as acusações e nunca foi acusado de qualquer crime, emitiu um comunicado que mantém a mesma posição e diz que está a existir um aproveitamento cínico do movimento "Time's Up".
"Quando essa acusação foi feita pela primeira vez há mais de 25 anos, ela foi investigada minuciosamente pela clínica de abuso sexual infantil do Hospital Yale-New Haven e pelos serviços de proteção infantil do Estado de Nova Iorque. Ambos fizeram isso durante muitos meses e concluíram de forma independente que nunca existiu qualquer abuso. Em vez disso, eles acharam que era muito provável que uma criança vulnerável tivesse sido treinada para contar a história pela sua mãe zangada [Mia Farrow] durante um divórcio contencioso.", disse Woody Allen em resposta a um pedido de reação do CBS This Morning.
"O irmão mais velho de Dylan, Moses, disse que ele testemunhou a sua mãe a fazer exatamente isso - implacavelmente a treinar Dylan, tentando enfiar nela que o pai dela era um perigoso predador sexual. Parece ter funcionado - e, infelizmente, tenho certeza que Dylan realmente acredita no que ela diz.", continua a declaração.
"Mas mesmo que a família Farrow esteja a usar cinicamente a oportunidade oferecida pelo movimento 'Time's Up' para repetir esta acusação desacreditada, isso não a torna mais verdade hoje do que era no passado. Nunca abusei da minha filha - como todas as investigações concluíram há um quarto de século", conclui Woody Allen.
Moses Farrow, agora com 39 anos e terapeuta, com quem a família do lado da mãe cortou relações em 2002 quando se aproximou do Woody Allen, também reagiu nas redes sociais: "Estou profundamente entristecido pela minha irmã. Como ela declarou, esta tem sido a sua realidade desde a infância. Quebrei o meu silêncio sobre os abusos da minha mãe e a minha recuperação começou após afastar-me dela. Só posso desejar que a minha irmã possa fazer o mesmo para finalmente recuperar. O que mais parte o meu coração é que sei que embora a minha irmã, Dylan, acredite no que diz, também sei, pela minha própria experiência, que aquilo simplesmente nunca aconteceu. Vi tantas vezes a minha mãe a tentar convencê-la que tinha sido abusada — e funcionou. Espero que, um dia, Dylan possa escapar à minha mãe, enfrentar a verdade e começar a sua própria recuperação."
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