Cillian Murphy, um dos favoritos na corrida aos Óscares deste ano, abre esta quinta-feira (15) o Festival de Berlim com a exibição de um drama irlandês baseado numa história real sobre mães solteiras exploradas por freiras católicas.
"Small things like these", adaptação do livro de mesmo nome da irlandesa Claire Keegan, está entre os 20 filmes que disputam o Urso de Ouro, prêmio mais importante da Berlinale.
O júri do evento é presidido pela atriz queniano-mexicana Lupita Nyong'o, a primeira personalidade negra a assumir o cargo de prestígio.
O Festival de Berlim, que prosseguirá até 25 de fevereiro, abre o ciclo dos três grandes festivais de cinema da Europa, antes de Cannes (maio) e Veneza (setembro).
Para a 74ª edição do evento, a Berlinale apresenta uma programação eclética, com realizadores e atores do mundo inteiro, estrelas, documentários políticos e produções de autor e experimentais.
Homenagem a Scorsese
Em "Small things like these", o irlandês Cillian Murphy, nomeado para o Óscar de Melhor Ator por "Oppenheimer", volta a trabalhar com o cineasta belga Tim Mielants, que dirigiu episódios da série "Peaky Blinders".
Ao lado da atriz irlandesa Michelle Fairley, da série "A Guerra dos Tronos", e da britânica Emily Watson ("Ondas de Paixão"), Murphy interpreta um pai dedicado que descobre o segredo do Asilo Madelena: entre 1820 e 1990, as freiras dos seus conventos escravizaram jovens mães depois que entregaram os seus bebés nascidos fora do casamento para adoção.
"Estamos convencidos de que esta história que junta a bondade com os mais frágeis e a vontade de lutar contra a injustiça encontrará eco em todos", afirmou recentemente o italiano Carlo Chatrian, que codirige pela última vez a Berlinale ao lado da holandesa Mariette Rissenbeek.
No próximo ano, a dupla será substituída pela norte-americana Tricia Tuttle.
Entre as estrelas aguardadas em Berlim, o grande destaque é o consagrado realizador americano Martin Scorsese, que receberá um Urso de Ouro honorário pela sua carreira.
Contexto político delicado
O festival, historicamente caracterizado pelo seu ativismo político, acontece em um contexto delicado, após quatro meses de guerra entre Israel e o movimento islamista palestiniano Hamas em Gaza.
Pouco antes da abertura, quase 50 colaboradores da Berlinale assinaram uma carta aberta em que pedem à direção do festival uma posição mais firme sobre "a atual ofensiva contra a vida palestina".
Até o momento, os organizadores do evento expressaram "compaixão com todas as vítimas das crises humanitárias no Médio Oriente e além" e manifestaram preocupação com o "aumento do antissemitismo e do sentimento antimuçulmano".
Entre os poucos filmes procedentes da região na Berlinale, "No Other Land", de um coletivo palestiniano-israelita, mostra a destruição dos colonatos de Masafer Yatta na Cisjordânia por parte das autoridades israelitas e a improvável associação de um ativista palestiniano com um jornalista israelita.
O cineasta israelita Amos Gitai, que sempre defendeu a paz, exibirá uma versão da obra teatral "O Rinoceronte", de Eugène Ionesco.
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