A disputa pela Palma de Ouro nunca foi algo fácil, mas a 69º edição do Festival de Cannes, que começa esta quarta-feira, tem uma seleção particularmente competitiva com alguns dos melhores cineastas do mundo.
O cartaz oficial do evento, que reproduz uma imagem da Vila Malaparte em Capri, retirada de "O Desprezo" (1963) de Jean-Luc Godard, foi espalhado por toda a Croisette, incluindo uma versão gigante na fachada do Palácio dos Festivais.
A cidade balneária mediterrânica deu os últimos retoques nos preparativos e no dispositivo de segurança, com centenas de policias. Depois dos atentados de 2015 em Paris, as autoridades referiram um "nível de risco mais elevado que nunca".
Do irlandês Ken Loach, de quase 80 anos, ao "menino prodígio" canadiano Xavier Dolan, de apenas 27 - ambos adorados em Cannes -, a nata da Sétima Arte mundial vai juntar-se até 22 de maio para duas semanas do melhor cinema disponível no mundo.
De um total de 1.869 filmes enviados desde o início do ano, o diretor artístico Thierry Frémaux e a sua equipa selecionaram 21 longas-metragens para a mostra oficial.
O festival começa com a exibição de "Café Society", o filme mais recente de Woody Allen, com Kristen Stewart e Jesse Eisenberg, sobre a idade dourada de Hollywood.
Candidatos insistentes
Alguns diretores já ganharam Óscares e ambicionam a Palma de Ouro, como o iraniano Asghar Farhadi ("Uma Separação"), que apresenta "The Salesman", a história de dois atores cuja relação passa por problemas durante a interpretação da peça de Arthur Miller "A Morte do Caixeiro Viajante".
Outros já venceram a Palma de Ouro duas vezes, caso dos irmãos belgas Luc e Jean-Pierre Dardenne, que sonham com a terceira vitória com "La Fille Inconnue", a história de uma jovem médica que tem que lidar com a culpa.
O sentimento de culpa também é o protagonista invisível - a mãe que pensa no que deixou de fazer pela filha - de "Julieta", de Pedro Almodóvar, quinta tentativa do espanhol de vencer a Palma de Ouro, apesar de o realizador afirmar que pode viver sem a mesma.
O mais assíduo pretendente - 10 tentativas - é o americano Jim Jarmusch, considerado um filho do festival, que o viu conquistar a fama em 1984 com o prémio Camera D'Or por "Para Além do Paraíso". Ele apresenta desta vez "Paterson", com Adam Driver no papel de um motorista de autocarro poeta.
A Palma de Ouro será escolhida por um júri presidido pelo australiano George Miller e composto por outros quatro homens e quatro mulheres.
A mulher como protagonista
Muitos apontam como marca distintiva desta edição a forte presença feminina em todas as mostras do festival, com filmes com temas que apontam o protagonismo da mulher.
O holandês Paul Verhoeven apresentará "Elle", uma história de reafirmação feminina diante de uma situação violenta. O filme levará mais uma vez à passadeira vermelha a atriz mais assídua de Cannes nos últimos anos, a francesa Isabelle Huppert.
Em "The Neo Demon", o dinamarquês Nicolas Winding Refn apresentará uma variação do género de vampiros em redor da atriz Elle Fanning, que interpreta uma modelo cuja beleza é cobiçada por outras mulheres de Los Angeles.
A francesa Nicole García apresentará "From the land of the moon" e a alemã Maren Ade "Toni Erdmann".
O sul-coreano Park Chan-Wook explora outros labirintos do universo feminino com "The Maidmen", um filme de suspense com pitadas de crueldade, atração lésbica, traição e loucura.
Talvez para compensar o cardápio com um pouco de testosterona, a organização programou a exibição do filme "Bons Rapazes", de Shane Black, ambientado nos anos 1970, com Ryan Gosling e Russell Crowe.
Fora de competição também serão exibidos em Cannes os novos filmes de Jodie Foster ("Money Monster"), Steven Spielberg ("O Amigo Gigante") e Robert de Niro ("Hands of Stone").
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