Muitos anos depois do seu último filme, Stan Laurel (1890 – 1965) e Oliver Hardy (1892 – 1957), conhecidos em Portugal como "Bucha & Estica", continuam a ser a dupla de comédia mais emblemática do cinema, com uma química única que agora é explorada num novo filme que se concentra no complicado fim das suas carreiras.

"Stan & Ollie", que estreia nos EUA na sexta-feira e em Portugal a 28 de fevereiro, aborda pela primeira vez os génios do riso, conhecidos por filmes como "Os Filhos do Deserto" (1933) e "Bucha e Estica a Caminho do Oeste " (1937).

Ao lado de Buster Keaton e Charlie Chaplin, Laurel e Hardy encarnaram os anos dourados do cinema mudo no fim da década de 1920.

O surgimento do cinema sonoro elevou a dupla ao estrelato mundial nos anos 1930, mas em vez de documentar a dimensão do sucesso, o realizador Jon S. Baird apresenta em "Stan & Ollie" dois heróis desgastados na procura das suas últimas reações de riso à sua comédia.

Laurel e Hardy deixaram Hollywood em 1944 e voltaram, em 1953 aos teatros ingleses, ambos com mais de 60 anos.

No entanto, as plateias parcialmente vazias provocaram desilusão e tensão entre o "Bucha & Estica".

A parceria única entre Laurel e Hardy teve que ser imaginada em boa parte porque, apesar de alguns textos e depoimentos, nenhum dos dois falou publicamente sobre ela.

"Não se tratava de replicar os filmes deles porque eles existem. Não se tratava de explicar nada sobre a vida deles que a pode encontrar na Wikipédia agora mesmo com o seu telefone, em dez segundos. Deveria ser sobre algo que ninguém sabia, exceto eles", contou à agência AFP John C. Reilly, que interpreta Hardy.

Com uma representação convincente, Reilly e Steve Coogan dão vida nova à dupla: o britânico Stan Laurel, um viciado em trabalho, e o americano Oliver Hardy, um hedonista frustrado pela sua forma física.

Os dois partilhavam o gosto pela comédia e também pelas mulheres, com sete casamentos no total.

"Química é uma destas coisas que as pessoas falam sobre como se fosse uma chuva misteriosa que cai sobre algumas pessoas", diz Reilly.

"Mas, de facto, você pode ganhar um com o outro. E Steve e eu conseguimos da mesma maneira que Laurel e Hardy conseguiram, confiando um no outro, ao acreditar um no outro, ao entender quem esta pessoa era, estando lá para ele, ajudando quando estavam no chão", acrescenta.

"Não queria que (o filme) fosse uma mancha na recordação de Laurel e Hardy", enfatiza o ator. "Estas pessoas são muito importantes para mim e influenciaram muito a minha sensibilidade estética. Não queria apenas parecer bem ou fazer um bom trabalho como ator. Eu fiz por este homem que realmente quero honrar. Isto é grande parte da razão para fazermos este filme, nós os dois. Para homenagear estes tipos que não receberam em vida todo o reconhecimento que mereciam", concluiu.

VEJA O TRAILER DE "BUCHA & ESTICA".