Figura emblemática da Nouvelle Vague francesa (Nova Vaga), o ator Jean-Pierre Léaud, de 79 anos, garantiu na quarta-feira à France-Presse (AFP) através do seu agente que está "muito melhor" e agradecer às centenas de pessoas que responderam ao apelo dos que lhe são próximos, que estavam preocupados com ele, juntando mais de 20 mil euros.
Na origem da recolha esteve o apelo de uma pessoa próxima, o ex-presidente da Cinemateca Francesa Serge Toubiana, aos seus conhecimentos no mundo do cinema, para virem em auxílio do ator, que segundo ele se encontrava numa muito precária situação psicológica, física e financeira, principalmente pela morte do cineasta Jean-Luc Godard em setembro.
A estes pedidos juntou-se a abertura de uma recolha pública de doações, por iniciativa de Armand Hennon, líder da Associação dos Amigos de François Truffaut.
Resultado: muitas manifestações de emoção nas redes sociais e, excedendo as expectativas, mais de 20 mil euros reunidos em três dias por mais 400 fãs.
"Embora profundamente afetado pelo desaparecimento de Jean-Luc Godard, com quem ainda falávamos há alguns meses sobre um projeto futuro, gostaria de tranquilizar os meus amigos: estou muito melhor graças a eles e tenciono voltar a filmar muito em breve!", disse Jean-Pierre Léaud na noite desta quarta-feira, em comunicado enviado à AFP.
"Expresso a minha profunda gratidão e a minha emoção pelas muitas mensagens de carinho recebidas de todos os continentes. Os testemunhos da sua generosidade, que recebo como tantas manifestações de amizade, serão de grande ajuda na minha vida diária", continuando, agradecendo a Serge Toubiana e à Associação dos Amigos de François Truffaut. pela sua amizade e "preocupação".
Serge Toubiana explicara à AFP que encontrara recentemente Jean-Pierre Léaud muito abalado, no apartamento parisiense da sua esposa, ela mesma "muito cansada".
"Perguntei-lhe o que os faria felizes. Ele disse-me que teriam de ir para o sol, nadar", explicou.
Indissociável do cinema de François Truffaut, que criou para ele a personagem de Antoine Doinel, de "Os 400 Golpes" a "Amor em Fuga", Léaud ficou muito abalado com o desaparecimento sucessivo de grandes figuras da época, e vive em condições precárias, especialmente psicologicamente, acrescentou.
"Vamos dar-lhe este dinheiro e ver quais são as suas necessidades mais urgentes", acrescentou Armand Hennon, especificando que não conhecia exatamente a situação financeira do ator.
Mais de 60 anos anos depois da Nouvelle Vague, Jean-Pierre Léaud é o mais conhecido dos rostos ainda vivos deste movimento que revolucionou o cinema. No final de maio, outra figura, o discreto realizador Jacques Rozier, faleceu aos 96 anos, dois anos depois de ter sido alvo de um movimento de solidariedade por ter sido despejado do local onde vivia.
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