Apesar do sucesso dos movimentos #MeToo e Time's Up, as mulheres continuam a ganhar menos que os homens em Hollywood.
O último exemplo é Claire Foy, a rainha Elizabeth II de "The Crown", que ganha menos que o seu príncipe consorte.
Os produtores da série Netflix admitiram que Foy, que representou a soberana nas duas primeiras temporadas, ganhou menos que o seu colega Matt Smith, que interpretou o príncipe Philip. A justificação é que ele era mais conhecido por ter entrado na série "Dr. Who".
A disparidade entre os salários de atores e atrizes em Hollywood não é novidade. A classificação dos atores mais bem pagos do mundo, publicada pela revista Forbes, demonstra isso todos os anos.
Em 2017, Emma Stone, a atriz mais bem paga do mundo, teria terminado em 15º lugar se a classificação fosse mista.
Mas, tirando a Forbes, há poucos dados e estudos sérios. O silêncio reina no assunto.
"Os agentes dizem que não se deve falar sobre o problema", diz Melissa Silverstein, fundadora do site Women and Hollywood. "Nós não partilhamos essa opinião".
Nos últimos meses, graças ao impulso histórico com a defesa das mulheres na sequência do escândalo envolvendo o produtor Harvey Weinstein, começaram a surgir sinais de revolta e questionamento do "status quo".
No início de janeiro, a imprensa dos Estados Unidos revelou que a atriz Michelle Williams recebeu mil dólares pelas refilmagens de cenas de "Todo o Dinheiro do Mundo", enquanto o seu parceiro de ecrã Mark Wahlberg chegou ao 1,5 milhão de dólares.
A controvérsia levou o ator americano - o mais pago em Hollywood - a comprometer-se publicamente a doar todo o valor recebido para o fundo de defesa legal da nova associação Time's Up, que combate o abuso sexual, nascida após o escândalo de Weinstein.
Para Silverstein, o simples facto de a questão ser discutida já é "revolucionário" e "um fator de mudança".
No caso de Claire Foy, a situação parece mudar, mas talvez tarde demais.
"A partir de agora, ninguém vai receber mais que a rainha", prometeu esta terça-feira Suzanne Mackie, uma das produtoras-executivas da série.
Contudo, Foy será substituída por Olivia Colman, para interpretar uma rainha Elizabeth mais velha na terceira temporada.
Silverstein acredita que, mesmo assim, o anúncio é importante e que estúdios e produtores já não podem ignorar o debate.
"Devem subir para o comboio porque ele está a andar", afirmou. "É preciso avançar no sentido da história".
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