Os filmes de mulheres - quase um género em si - ainda são raros e geralmente relegados à comédia ("A Melhor Despedida de Solteira", "Girls Night", a nova versão de "Os Caça-Fantasmas", entre outros), seja musical, seja romântica.
Em "Aniquilação", Alex Garland - já aplaudido por "Ex Machina", lançado em 2015 sobre robôs que dominam os homens - põe em cena um grupo de mulheres cientistas, recrutadas para uma missão na "Zona X", uma parte sinistra e misteriosa da costa americana, um lugar secreto onde caíram extraterrestres.
Natalie Portman é uma bióloga e ex-militar, que se junta à expedição para descobrir o que aconteceu com o marido, um membro das Forças Especiais gravemente ferido enquanto investigava essa região e o seu estranho fenómeno.
"Nunca se ouviu falar... Nunca temos a oportunidade de trabalhar com cinco incríveis papéis de mulheres", comemorou a vencedora de um Óscar na pré-estreia mundial do filme, na terça-feira (13), em Angeles.
"Quero dizer que é difícil encontrar um [papel] e encontrar cinco juntos e ter a oportunidade de trabalhar com as minhas irmãs e passar este tempo juntas, e ver cada uma e aprender com cada uma... Isso é simplesmente notável", completou Natalie Portman.
"Entre as cenas, ficávamos sentadas juntas a divertir-nos, conversando e contando piadas. Para mim, essa ficará como a imagem deste filme: nós as cinco, numa barraca, a brincar", relatou.
Feminista assumida, Portman foi uma das fundadoras do movimento Time's Up, criado por centenas de mulheres de prestígio em Hollywood para lutar contra o assédio e contra as agressões sexuais no ambiente de trabalho.
"Donzela em perigo"
Nesta nova produção, Alex Garland, que já havia escrito o "thriller" apocalíptico "28 Dias Depois" (2002), de Danny Boyle, adaptou a aclamada série de Jeff VanderMeer, "Southern Reach Trilogy".
A história decorre nos pântanos da Flórida, recriados no Windsor Great Park, na Inglaterra, para esta rodagem. O local já foi um terreno de caça da família Real.
Na história, Natalie Portman divide o protagonismo com Jennifer Jason Leigh ("Os Oito Odiados"), Gina Rodriguez ("Virgem Jane"), Tessa Thompson ("Creed: O Legado de Rocky") e Tuva Novotny ("Comer Orar Amar").
Já o marido de Natalie Portman em "Aniquilação" é interpretado por Oscar Isaac, de 38 anos, um dos principais nomes de "Ex Machina".
Hoje um dos atores de maior destaque em Hollywood, muito graças ao seu papel na última trilogia "Star Wars", neste filme ele está reduzido a ficar inconsciente no leito de um hospital. E assim permanece a maior parte do tempo.
"Em geral, um grupo de tipos vai a algum lugar e salva a única personagem feminina. E aqui é o contrário. Sou eu que faço a donzela em perigo. Foi bom", brincou o ator.
Tessa Thompson, de 34 anos, notou que os três filmes de maiores receitas nos EUA no ano passado tinham uma mulher como personagem principal: "Star Wars: Os últimos Jedi", "A Bela e o Monstro" e "Mulher-Maravilha".
Mesmo com um elenco basicamente feminino, com atrizes de origem hispânica e negra, "Aniquilação" não foi poupado de polémicas, numa indústria criticada cada vez mais pelo seu conservadorismo e discriminação persistentes, ainda que sob o verniz de discursos progressistas.
O filme foi acusado de ter "embranquecido" algumas personagens, já que os papéis de Natalie Portman e de Jennifer Jason Leigh eram, na versão original, de uma asiática e uma índia.
Nos Estados Unidos, a produção chega a alguns cienams a 23 de fevereiro. Após testes que o descreveram como "muito intelectual", o estúdio Paramount decidiu vender os direitos internacionais para a Netflix - à exceção de China e Canadá -, por receio de ter um fracasso de bilheteira. Ficará disponível a 11 de março.
Apesar da previsão pouco otimista, as primeiras críticas são animadoras e positivas. O Slash Film elogiou a película como "o tipo de ficção científica que sempre tivemos vontade de ver [...], audaciosa, complexa, singular, visualmente deslumbrante".
Trailer.
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