Além da exibição de filmes, da gigantesca zona de mercado e das sessões de contratações de jovens pelos grandes estúdios, o
Festival Internacional de Animação de Annecy também é um local privilegiado para que profissionais da animação apresentem os seus projetos, em busca de novos parceiros de produção para os levarem a bom porto.
«Oddsockshire» foi um dos seis projetos de longa-metragem escolhidos para serem apresentados no espaço
Creative Focus, e foi criado por
Sara Barbas, uma animadora independente portuguesa, que saiu de Portugal para fazer um estágio profissional na britânica
Aardman Animations e desde então tem feito carreira como animadora em filmes como
«Wallace e Gromitt a Maldição do Coelhomem» e em trabalhos para a BBC.
O projeto, apresentado em parceria com
Dave Price, um dos responsáveis pelos cenários, e
Henrik Sonniksen, que se encarregou do criação gráfica das personagens, será feito em animação de volumes e parte de uma pergunta simples: para onde vão os objetos que perdemos todos os dias?
Apesar de sempre associarmos a perda a algo de negativo, a verdade, segundo o filme, é que os objetos vão para a um local chamado Oddsockshire, onde são muito felizes, e ao qual vão parar através de portais existentes em todo o lado, como nos bolsos, nos cafés ou nos autocarros. Luca é um menino de oito anos com problemas na escola, cujo único amigo é o seu chapéu de chuva Brolly, que lhe foi dado pela mãe antes de falecer. Quando ele o perde, Brolly vai parar a Oddsockshire só que, ao contrário dos outros objetos, ele não quer lá ficar mas quer ir ter novamente com o seu dono.
O filme contará a sua jornada de regresso ao convívio de Luca, com o auxílio de outros amigos, como a Valise, uma mala de viagem francesa que fala todas as línguas, Keith, uma chave de mau feito, Moby, um telemóvel que só fala por bips, ou Sockrates, uma peúga filósofa. No meio disto, há ainda o antigo computador dos anos 90 que governa Oddsockshire, e a sua afilhada, Penelope Parasol, uma sombrinha vitoriana por quem Brolly se apaixona.
O filme, de espectro familiar mas com um público preferencial entre os seis e os oito anos, pretende ser feito em animação stop-motion com fundos em animação informática. Sara Barbas já fez o primeiro esboço do argumento e planeia ter um segunda versão mais definitiva no final de Setembro.
O chamado «pitch» do projeto foi bastante aplaudido durante a apresentação, com a animadora a apresentar já alguns bonecos de Lucas com Brolly e da Valise. Resta saber se, ao longo do certame, a apresentação levará a acordos com potenciais parceiros e financiadores, algo que geralmente não sucede de imediato na sala da apresentação.
Mas não é só na arena da longa-metragem que Portugal está presente em Annecy. No dia 8, naquele mesmo espaço,
Maria Alice Eça Guimarães Azevedo e
Mónica Fernandes dos Santos irão apresentar o projecto de curta-metragem
«Amélia e Duarte», feita com animação de recortes pixilação, animação de objectos e fotos.
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