“Back To Black”, à volta de Amy Winehouse, que chega esta semana aos cinemas, após 0 'biopic' de Bob Marley e antes das que estão em preparação sobre Bob Dylan e Bruce Springsteen, demonstram o grande interesse do cinema pela indústria musical.

A longa-metragem sobre a cantora de “Rehab” estreia na quinta-feira em Portugal e só chega a 17 de maio aos EUA.

A atração pelos músicos da Sétima Arte parece óbvia. O destino dos artistas que atingem o estrelato preenche vários requisitos: a infância, na sua maioria, num ambiente modesto, sucesso enorme e inesperado, vícios e/ou fim trágico.

Amy Winehouse morreu em 2011, prejudicada pelos excessos, aos 27 anos (a mesma idade de Janis Joplin, Jimi Hendrix, etc.). Bob Marley morreu em 1981, aos 36 anos, de cancro.

“Mas temos que reverter a situação, não é o cinema que está em busca de mitos. É antes o mundo da música e os detentores de direitos que estão em busca de ferramentas para trazer os músicos de volta aos ouvidos das novas gerações afogadas nos acontecimentos atuais”, disse Sophian Fanen à France-Presse (AFP).

Este jornalista, cofundador do 'site' de notícias francês Les Jours, acaba de publicar “Amy pour la vie” (editado na França pela Novice).

O estúdio Paramount, que distribuiu “Bob Marley, One Love”, lançado a 14 de fevereiro, ficou deliciado no final desse mês com o sucesso do filme, principalmente na França.

“O catálogo completo de Bob Marley na França registou uma média de mais de um milhão de 'streams' por dia durante uma semana! O título 'Could You Be Loved' acaba de entrar no Top 200 de streaming 44 anos após o seu lançamento”, afirmou a empresa em comunicado à imprensa.

E acrescentou: “A França subiu para o primeiro lugar em termos de crescimento de streaming, com mais de 45%".

"Amortização"

Belkacem Bahlouli, editor-chefe francês da revista Rolling Stone, sublinha à AFP que “Bruce Springsteen e Bob Dylan venderam os seus catálogos e, para quem os adquiriu (respetivamente por 500 e 200 milhões de dólares, segundo a imprensa especializada), deverão ser amortizados”.

“Tem que ser distribuído digitalmente para que passe para outra geração e, sendo a mecânica do streaming o que é, vamos ficar famintos por mais”, prevê Sophian Fanen, também autor do livro de referência “Boulevard du stream" (da Castor Astral).

Os 'biopics' musicais no cinema já estão em crescimento.

“Agora temos dois por ano, crescem como cogumelos depois da chuva”, diz Belkacem Bahlouli.

O diário britânico The Guardian observa que “o filme biográfico musical é um género vasto, sempre em expansão, e não há espaço suficiente para listar tudo”.

A Rolling Stone, na sua edição de fevereiro, estabelece que têm abundado principalmente 'nos últimos dez anos, para o bem e para o mal.

"Não faz opções"

“Back to Black” tem maior probabilidade de ser colocado na segunda categoria.

Marisa Abela, a atriz britânica que interpreta a cantora, não tem a culpa neste filme aprovado pela família dirigido por Sam Taylor-Johnson, a mesma de "As Cinquenta Sombras de Grey" e, anteriormente, de “O Rapaz de Liverpool”, que narrou a juventude de John Lennon.

“O que representa um problema é a reabilitação do pai de Amy Winehouse, que passa por boa pessoa, o que deve ter sido no início, antes de o dinheiro lhe subir à cabeça”, escreve Belkacem Bahlouli.

“Amy”, um documentário marcante de Asif Kapadia lançado em 2015, arranhou a superfície sobre esta figura paterna.

"O documentário talvez tenha sido um pouco demasiado incriminador contra o pai, mas o filme falha completamente o seu papel. O filme não quer prejudicar ninguém, não faz opções, não faz perguntas", estabelece Sophian Fanen.

Os fãs de música estão à espera das 'sequelas': um 'biopic' sobre Michael Jackson, interpretado pelo seu sobrinho Jaafar Jackson; Bob Dylan interpretado por Timothée Chalamet; e Bruce Springsteen, com Jeremy Allen White (da série "The Bear") confirmado nos jeans justos do "The Boss".

TRAILER "BACK TO BLACK".