O cenário do filme de terror "Winchester" não é dos mais comuns: o australiano Jason Clarke encarna um psiquiatra fictício chamado em 1906 por Sarah Winchester, a herdeira da marca de armas com o sobrenome da família, para avaliar a sua saúde mental e o seu medo de fantasmas.
Com a britânica Helen Mirren como protagonista, "A Maldição da Winchester" é o mais recente filme a valorizar o género do cinema de terror.
Já para Jason Clarke, a história real de Sarah Winchester, que sentia que era perseguida pelos fantasmas das vítimas das pistolas e espingardas fabricadas pela sua empresa, também é uma alegoria sobre a violência das armas de fogo, que provocam 30 mil mortes por ano nos Estados Unidos.
"O controle de armas, os benefícios provocados, este é um debate recorrente", disse o ator de 48 anos sobre o filme que estreia esta semana na América do Norte e deve chegar aos cinemas portugueses a 10 de maio.
Na longa-metragem, dirigida pelos irmãos Michael Spierig e Peter Spierig, a personagem de Clarke é viciada em ópio e luta contra os próprios demónios. Ele acredita que será capaz de avaliar Sarah Winchester, mas as suas noites começam a tornar-se preocupantes e ele sente que está a ser manipulado.
Na cidade de San José, perto de San Francisco, a "Winchester Mystery House", um imóvel vitoriano excêntrico que Sarah Winchester tinha construído para isolar os espíritos que a aterrorizavam, tem a fama de ser a casa mais mal assombrada do mundo.
A mansão de 160 divisões, construída durante décadas sem planeamento, atualmente é uma atração turística popular, com o seu labirinto de corredores, escadas que não levam a lugar nenhum, duas mil portas - algumas delas abrem para paredes, 47 chaminés, torres, etc.
Jason Clarke, que também está no drama racial "Mudbound: As Lamas do Mississippi", com distribuição da Netflix e nomeado para os Óscares, explica que passou dois meses a rodar o filme de maneira cansativa na réplica da mansão em Melbourne, para depois acabar na casa verdadeira em San José.
"Quando tentei andar pela, perdi-me", disse, com um sorriso.
Os filmes de terror geralmente são arrasados pela crítica - as de "Winchester" são catastróficas -, mas muitas vezes conseguem excelentes receitas de bilheteira. O ator explica que para trabalhar neste género é necessária uma disciplina técnica particular, como a linguagem corporal ou o "timing".
Mas ele explica: "Prefiro aqueles com um pano de fundo inteligente, não apenas os filme 'gore', onde todos são assassinados".
Clarke é conhecido por papéis secundários em filmes independentes e grandes produções com uma "mensagem".
O australiano foi visto como um agente da CIA em "00:30 A Hora Negra", de Kathryn Bigelow (2012), foi o protagonista de "Planeta dos Macacos: A Revolta" (2014) e "Evereste" (2015), além de ter participado na adaptação do clássico de F. Scott Fitzgerald "O Grande Gatsby", de Baz Luhrmann (2013).
Cada vez mais solicitado, acaba de filmar "First Man", o próximo filme de Damien Chazelle ("La La Land" e "Whiplash").
Trailer "A Maldição da Winchester".
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