"Ser confrontado com um predador, especialmente alguém que se admira, é o mais difícil", disse Solo, no programa de televisão francês "Clique" do Canal+, na quarta-feira, citada hoje pela AFP.
O rapper foi um dos raros franceses a fazer parte dos primórdios do hip-hop nos Estados Unidos, ao lado de pioneiros como Afrika Bambaataa.
O DJ norte-americano foi cofundador, em 1973, da Zulu Nation, uma organização que se posiciona contra a violência dos gangues nova-iorquinos e que utiliza o hip-hop e as suas correntes para transmitir valores pacíficos.
Na sua autobiografia publicada em meados de novembro, Solo conta ter ouvido uma cena de agressão sexual a um menor durante a sua estadia nos Estados Unidos, sem adiantar mais pormenores.
"Uma noite, Bambaataa chama-me à sala enquanto vê um filme pornográfico. Sinto desconforto, mas não me mexo. Nesse preciso momento, entendi que era a minha vez de me tornar o brinquedo dele", conta Solo no livro, que diz ter, na altura, 17 anos.
Questionado sobre este episódio na quarta-feira, o artista falou de um "comportamento totalmente desadequado" por parte de Bambaataa, que demorou "mais de quarenta anos" a conseguir evocar.
"Acima de tudo, precisava de desenvolvimento pessoal e de apoio, nem que fosse para reconhecer que era uma vítima", acrescentou no programa.
O rapper especificou que estava "a mil milhas de imaginar a escala do fenómeno" trazido à luz anos mais tarde, descrevendo Bambaataa como um "predador sexual".
A Zulu Nation, formada por representantes do hip-hop e da sua filosofia em todo o mundo, dissociou-se do seu líder em 2016, quando Afrika Bambaataa foi acusado de agressão sexual a um menor, o que negou.
Em 2021, foi realizado um julgamento, mas o DJ nunca compareceu.
A AFP solicitou na quinta-feira uma reação de Afrika Bambaataa na sua conta de Instagram, sem obter resposta até ao momento.
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