Nota prévia: se ainda não viu o segundo episódio da segunda temporada de "House of the Dragon", talvez seja melhor deixar a leitura deste artigo para depois. Mas se, por outro lado, já está a par dos acontecimentos de "Rhaenyra the Cruel", o capítulo em questão, saberá que tem um desfecho trágico devido ao confronto entre os gémeos Cargyll.
Quando Arryk tenta matar Rhaenyra Targaryen e Erryk procura defendê-la, ambos acabam por perder a vida - o primeiro é morto pelo segundo, que se suicida a seguir. Numa saga em que a tragédia está longe de ser invulgar, este episódio ainda deu que falar por ter posto fim à jornada de duas personagens de uma só vez.
"Rhaenyra the Cruel" também ditou a despedida precoce da participação de Elliott e Luke Tittensor no spin-off de "A Guerra dos Tronos", lamentam os gémeos britânicos, embora agradeçam a oportunidade de terem integrado o universo de George R. R. Martin.
"Participar neste mundo com o nosso irmão foi fantástico", confessa Luke, que interpreta Arryk. "Já éramos grandes fãs da série. Vimos 'A Guerra dos Tronos' até ao fim. Por isso, quando surgiu a audição e precisavam de gémeos, agarrámos logo a oportunidade de participar", recorda.
"Naturalmente, acho que estando numa série como esta, queremos sempre continuar, mas a participação e a experiência é algo que vou guardar na memória durante muito tempo, para o resto da minha vida, sem dúvida. Foi muito bonito fazer parte disso", acrescenta Elliott.
"Quando lemos o guião, estávamos ansiosos por representar esta história, a história de dois gémeos com um final trágico e fatal, o que era obviamente algo emotivo e bom e bonito de representar no ecrã, especialmente numa série como 'House of the Dragon'", diz ainda o ator que assume o papel de Erryk.
Embora a sua presença na segunda temporada seja breve, a cena que marcou o reencontro e a despedida dos irmãos foi fulcral para ambos os atores e obrigou a uma preparação à altura. "Nos ensaios, passámos talvez mais de 30 horas. Acho que foram mais ou menos 16 sessões. Cerca de duas horas, às vezes um pouco menos de cada vez, com a equipa de acrobacias. Eles são um grupo de rapazes com classe e sabem realmente o que estão a fazer. Uma coisa que foi importante foi ter confiança neles - eles é que inventaram esta dança entre estas duas personagens", conta Luke.
"Queríamos ter a certeza de que, quando chegássemos ao local da rodagem, já conhecíamos esta luta ou esta dança como a palma das nossas mãos, para nos podermos concentrar na intensidade e na emoção", lembra Elliott.
O que os une e o que os separa
"São ambos homens de dever e honra, a 100%", responde Luke quando questionado pelo SAPO Mag sobre o que aproxima as suas personagens. "Quando se juntaram à Guarda Real, abriram mão de muitos direitos e liberdades. É basicamente como uma ordem militar cristã, como os Cavaleiros Templários. Por isso, eles não tinham nada a não ser a sua honra e o amor um pelo outro. O estilo de vida que tinham era muito semelhante", desenvolve.
E o que afasta os gémeos Cargyll, levando-os a escolher lados diferentes desta guerra, na qual os Conselhos Verde e Negro lutam pelo Rei Aegon e pela Rainha Rhaenyra, respetivamente?
"Acho que a principal diferença entre eles é que a personagem do Elliott, Erryk, tinha visto um lado diferente que a minha personagem não viu", defende Luke. "Arryk era mais tradicionalista, no sentido de considerar que o que ocorreu no passado é mais importante, que História é maior do que a decisão de uma pessoa e que a História se repete muitas vezes. Ele sente que é essa a lei da terra e que as pessoas que lá vivem votarão sempre de uma certa maneira. Por isso, não importa se nos tornamos românticos e acreditamos que alguém deve ser o herdeiro legítimo, porque o reino pensa de forma diferente."
A dupla também revela que se aproximou tanto das respetivas personagens que tende a concordar com a visão delas neste conflito. "É muito engraçado. Pergunto-me até que ponto as minhas escolhas se vão alinhar com as das minhas personagens, devido ao quanto investi nelas. Tenho de dizer que, por mim, seriam os Negros [a vencer] e seria por mérito próprio, porque isso é algo em que o Erryk acreditava", justifica Elliott. "Ele acreditava na palavra de Viserys e na sua escolha para o próximo passo na coroa. Portanto, ele estava a seguir o que acreditava ser verdade, partilhava o mesmo sentimento, tenho a certeza", sublinha.
"É difícil, porque já tenho uma ideia formada da personagem. Por isso, ainda estou do lado dos Verdes. E sabem porquê? Só porque o Tom Glynn-Carney [ator que interpreta o rei Aegon II Targaryen] é de Manchester", brinca Luke, apontando a sua cidade natal como fator decisivo.
O ator também foi fiel à sua personagem ao fazer-se passar pelo irmão durante as gravações, tal como fez Arryk ao infiltrar-se nos aposentos de Rhaenyra fingindo ser Erryk. Mas por motivos bem distintos: Luke teve de substituir Eliott quando este foi infetado com COVID-19. "Por sorte, eu estava lá e pude substituí-lo. Não é uma coisa que façamos ou que fôssemos fazer só para nos rirmos", esclarece. "Mas, sim, aconteceu. Foi-me proposto em cima da hora. Por isso, fazer a cena foi bastante desconfortável. Mas, ao mesmo tempo, acho que é um pequeno ovo da Páscoa para os fãs. Se, eventualmente, conseguirem ver a diferença entre nós, podem tentar descobrir qual é."
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