"Aquarius", a mais recente série da NBC, situa-se em Los Angeles, em 1967, onde o detetive Sam Hodiak (David Duchovny) investiga casos de pessoas desaparecidas. Embora tenha a tendência para trabalhar sozinho, fará equipa com os agentes Brian Shafe (Grey Damon) e Charmain Tully (Claire Holt). Trata-se então de um drama policial, com uma forte componente histórica.
Antes de partir para a análise do episódio, julgo que seja importante apresentar uma pequena contextualização histórica, que acabará por funcionar como facilitador na vossa compreensão do enredo. Nos finais da década de 1960, a população americana está já cansada da guerra que a sua pátria tem com o Vietname. Em resposta à demora do desfecho deste conflito, bem como às desigualdades sociais, nomeadamente as descriminações raciais e de género, surgiram grupos de protesto que ansiavam por um país melhor. O episódio piloto apresenta uma descrição muito rica e detalhada sobre este período, sobretudo no que concerne a um desses grupos de protesto, os hippies.
Tudo começa quando Emma, a filha de um político em ascensão, foge sorrateiramente de casa para ir com o namorado a uma festa, uma festa hippie onde não faltam drogas, álcool… e sexo. É aqui que Charles Manson, um músico hippie que anseia pela fama, vê Emma e alegadamente percebe, com recurso a poderes mediúnicos (ou algo do género) que ela é o seu futuro. Sendo assim, Charles distrai o namorado de Emma com um divertimento causado por uma das suas acompanhantes e a jovem, fragilizada, acaba por aceder ao pedido deste misterioso homem e desaparece com ele, para desespero dos pais.
Com o desaparecimento da filha, Grace liga para Sam. Nada mais natural ligar para o namorado de adolescência, que por acaso é polícia, quando a sua filha desaparece (só que não). Por seu lado, Ken, o pai de Emma, apenas está preocupado com a sua reputação e com as eleições que terá dali a dois anos.
É durante uma das muitas manifestações juvenis da década de 1960 que conhecemos o agente infiltrado Brian Shafe. Quando Sam o vê, arranja maneira de o ter a trabalhar para si pois, dada a sua fisionomia e modo de vida, passa perfeitamente por hippie. Graças a um pouco de bluff com Rick, o suposto namorado de Emma, e alguma investigação, Sam e Brian depressa chegam ao nome do responsável pelo desaparecimento de Emma: Charles Manson. Necessitando de uma rapariga para atrair Charles, é a vez de Charmain entrar em ação. A jovem agente acabou por ficar assustada com os métodos de Brian mas, no dia seguinte, confessa que adorou a adrenalina.
Já no fim do episódio, acabámos por entender um pouco da história de Charles e a razão pela qual ele ter escolhido Emma. Embora tenha sido revelado por entrelinhas, Ken, o pai de Emma, é pedófilo e abusou de Charles enquanto criança/adolescente. O hippie, querendo aproveitar a influência do político, acaba por exigir que este lhe arranje contactos de produtoras musicais que o tornem famoso. A sorte de Ken é que passa um carro quando Charles o ia violar em plena garagem. Temos aqui uma história bem profunda e complexa por explorar e que poderá traduzir-se em excelentes episódios.
Veredito final: o enredo do episódio piloto, além da apresentação das personagens, centrou-se na apresentação da premissa da série. Tratou-se de um piloto bem estruturado e com um desenvolvimento constante e agradável. Por seu lado, o elenco, até agora, demonstrou estar à altura de uma série de qualidade. Por último, julgo que a banda sonora, os cenários e a representação da época histórica são os pontos fortes de "Aquarius".
Nota: 8/10
Rui André Pereira
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