No início de junho, a Netflix confirmou o cancelamento de "Sense8". "Obrigado por fazerem parte desta viagem. Até sempre, sensates", escreveu o serviço de streaming no Facebook.
Nas redes sociais, os fãs da série não reagiram bem à notícia e pediram um episódio de despedida. O apelo foi ouvido pela Netflix que revelou que vai avançar com um episódio especial de duas horas e que irá pôr um ponto final na histórias das personagens.
O ator Brian J. Smith, que interpreta Will na série, lamentou nas redes sociais o cancelamento. "Desculpem, amigos. Obrigado pelo vosso amor e pelo apoio nesses últimos dias, foi muito emocionante", frisou na sua conta no Twitter.
Lutas espetaculares, mundos paralelos, um toque de metafísica: as criadoras de "Matrix" recuperaram em "Sense8" alguns elementos da sua famosa trilogia. A imprensa norte-americana revelou que a produção de cada um dos 10 episódios da segunda temporada, que estreou na Netflix em maio, custou nove milhões de dólares, um valor não confirmado pela plataforma de vídeo.
A segunda temporada foi comandada por Lana Wachowski, antes Larry Wachowski, que fez o anúncio da mudança de género no início da década. Ela dirigiu sozinha quase toda a segunda temporada, sem a sua irmã, a coargumentista Lilly e anteriormente Andy Wachowski, que mudou de nome e género em 2016.
Aceitar a diferença
Os oito personagens principais da série são "sensates", essencialmente humanos, mas dotados de uma capacidade de percepção sobrenatural, que os liga permanentemente entre si. Todos são perseguidos pelo Sr. Whispers, também com capacidades psíquicas acima do normal, que trabalha para a misteriosa Biologic Preservation Organization (BPO).
Depois da primeira temporada, na qual cada um dos oito toma consciência da sua condição, o que ignoravam até então, os oito "sensates" contra-atacam, unindo forças graças ao seu dom.
"Sense8" fica mais complexa, com uma intensidade dramática maior do que a da primeira temporada, estreada em 2015.
O resultado é uma série inclassificável, com saltos de ritmo constantes. Alterna passagens muito melodramáticas, que em alguns momentos lembram as telenovelas, com sequências lineares e lutas muito similares ao mundo de "Matrix", que revolucionaram o cinema neste aspeto.
"Não sei com o que compará-la", afirma Terrence Mann, que interpreta o Sr. Whispers e considera a série "brilhante".
"É muito pessoal", afirma Naveen Andrews, Jonas Maliki em "Sense8".
Tal como em "Matrix", as Wachowski evocam a relação dominante-dominado, da minoria e da maioria, assim como as diferenças, um tema que voltou a ganhar destaque com a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos e o avanço do nacionalismo em muitos países.
Para Tina Desai, a série "diz às pessoas que é preciso manterem a calma e não ter tanto medo do outro, aceitar as diferenças, para irem além e nos entendermos".
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