Esta segunda-feira, dia 23 de janeiro, às 22h15, o Canal História estreia "Auschwitz em 33 objetos", uma série de cinco episódios que revela histórias e segredos dos objectos encontrados em Auschwitz-Birkenau, o maior campo de concentração e extermínio da II Guerra Mundial erigido pelo regime nazi.
"Em 'Auschwitz em 33 objetos' testemunharemos minuciosas análises a objetos diversos como bonecas, maletas, álbuns de fotos, madeixas de cabelo, notas dos prisioneiros, cadernos de desenhos, roupa, sapatos, panelas, latas de Zyklon-B, o gás que matou mais de um milhão de pessoas nas câmaras, fotografias ou matrículas de carros da SS, realizadas por especialistas nos bastidores do Gabinete de Conservação, utilizando tecnologia avançada de extrema precisão, e interpretadas por diversos historiadores", resume o canal.
Marek Zajac, Chairman of the Auschwitz-Birkenau Foundation Council, é um dos participantes da série do canal História. Ao SAPO Mag, o polaco, que também é secretário do Conselho Internacional de Auschwitz, conta que, desde 2006, tem "aprendido factos fascinantes" com toda a equipa do Museu Auschwitz-Birkenau e que projeto estava na sua cabeça há vários anos.
"Este projeto foi amadurecendo na minha cabeça há vários anos, porque ao mesmo tempo também sou funcionário da Polsat TV - manager, guionista e produtor. Quando o vice-diretor do Museu, Rafał Pióro, se interessou genuinamente por esta ideia, seguido por muitos funcionários do Museu, metemos mãos à obra. É uma cooperação única entre a Polsat e o Museu Auschwitz-Birkenau, apoiada pela produtora Inbornmedia", conta.
Marek Zajac destaca que os 33 objetos que protagonizam a série documental "levam-nos até 33 histórias diferentes" e que revelam "factos pouco conhecidos sobre o Holocausto": "Tudo está entrelaçado com os relatos dos sobreviventes do Holocausto e ex-prisioneiros, bem como com a história de como o Memorial de Auschwitz-Birkenau funciona atualmente. Por exemplo: como trabalham os conservadores, que têm um dos melhores laboratórios do mundo. E o que ainda conseguimos descobrir apesar do passar das décadas".
"A lista de objetos é muito longa, posso destacar dois exemplos. O Museu tem mechas de cabelo de dois prisioneiros apaixonados: uma judia Mala Zimetbaum e um polaco Edward Galiński. Ambos organizaram uma fuga incrível, mas foram detidos pelos alemães e condenados à morte. Antes da execução, porém, conseguiram dar ao amigo as mechas dos seus cabelos, que sobreviveram à guerra e ainda são guardadas com muito cuidado no Museu Auschwitz-Birkenau", destaca o especialista em conversa com o SAPO Mag. "Quando conhecemos a história, é muito difícil não chorar", acrescenta.
"O segundo exemplo: no início dos anos 1980, foram encontradas notas únicas de um dos membros judeus do Sonderkommando, Marcel Nadjari. Estes eram prisioneiros forçados pelos alemães a operar as câmaras de gás e crematórios. Apenas alguns fragmentos desse relato único, escondido no solo durante a guerra, eram legíveis. O resto foi danificado pela água. Mas depois de várias décadas, utilizando as mais novas tecnologias, foi possível ler quase todos os textos de Nadjary, que arriscou a sua vida para os esconder durante a guerra porque acreditava que o seu testemunho iria ver a luz do dia. É realmente incrível", conta Marek Zajac.
Para o especialista, "Auschwitz em 33 objetos" é uma série documental diferente de todas as outras. "Nunca ninguém contou a história de Auschwitz desta forma - combinando três elementos: objetos, testemunhos de sobreviventes do Holocausto e ex-prisioneiros e uma história sobre os esforços dos funcionários do Museu Auschwitz-Birkenau para restaurar os seus nomes, rostos e histórias", sublinha.
"Os perpetradores, os nazistas, os alemães, queriam não apenas assassinar estas pessoas, inclusive exterminar todos os judeus europeus, mas também apagar todos os vestígios da sua existência", remata.
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