“Ao longo de mais de cinquenta anos de carreira, Manuel Jorge Veloso contribuiu de forma indelével para a divulgação e afirmação do jazz em Portugal, enquanto compositor, crítico e professor, sendo o seu nome indissociável da história deste género em Portugal”, refere a ministra, num comunicado hoje divulgado.

Manuel Jorge Veloso morreu hoje, em Lisboa, vítima de doença oncológica, disse à agência Lusa o investigador João Moreira dos Santos.

No comunicado, no qual “lamenta a morte do músico, compositor e crítico de jazz”, Graça Fonseca recorda o percurso musical de um dos fundadores, na década de 1960, do Quarteto do Hot Clube de Portugal, salientando que “é importante recordar também o seu trabalho como produtor de programas de música clássica e de jazz na RTP”.

Manuel Jorge Veloso nasceu em 21 de maio de 1937, em Lisboa, onde obteve formação musical clássica em violino e composição. Na Alemanha, estudou Realização na Escola Superior de Cinema e Televisão de Babelsberg, em Potsdam.

No entanto, foi no jazz, como baterista, que acabou por se notabilizar.

Além de ter integrado o Quarteto do Hot Clube, individualmente, tocou com vários músicos de jazz portugueses e estrangeiros, entre os quais Jerome Richardson, Julius Watkins, Don Byas, Chet Baker, Herb Geller, Paul Gonsalves, Gerry Mulligan e Milt Jackson.

Com o pianista Marcos Resende e o contrabaixista Jean Sarbib, fez parte do Quarteto de Dexter Gordon no I Cascais Jazz - Festival Internacional de Jazz, em 1971.

Paralelamente, foi produtor de programas de música clássica e de jazz na RTP, onde integrou também a Comissão Diretiva de Programas e foi Chefe do Departamento de Programas Musicais.

Desde os anos 1960 até à atualidade foi autor e apresentador de vários programas de rádio dedicados ao jazz, em estações como o Rádio Clube Português, a Rádio Renascença e a Antena 2, de "TV Jazz", que manteve ao longo das décadas de 1960 e 1970, na RTP, a "Um Toque de Jazz", que realizou em anos mais recentes na Antena 2.

No cinema, foi autor da banda sonora de vários filmes e documentários, entre os quais “Belarmino” e “Uma abelha na chuva”, de Fernando Lopes, e “Pedro Só”, de Alfredo Tropa.

Ao longo da carreira, escreveu artigos de divulgação de jazz e foi crítico daquele género musical em vários jornais e revistas, como a Capital e o Diário de Notícias.

Manuel Jorge Veloso escreveu também no jornal Avante!, do Partido Comunista Português (PCP), do qual foi militante. No âmbito da sua militância política, fez parte da Comissão de Espetáculos da Festa do Avante!.

Foi ainda professor na Escola de Cinema do Conservatório Nacional (1971/1973), onde ministrou a cadeira de Construção e Análise da Banda Sonora, fez parte da direção da Juventude Musical Portuguesa (1966/1968) e foi secretário-geral da Academia de Amadores de Música (1985/1991).

Em 2014 criou, com o crítico e programador António Curvelo, o ciclo “Histórias de Jazz em Portugal”, com o objetivo de divulgar “o momento único” que o jazz português está a viver, com várias gerações de músicos no ativo.

Em outubro, o Hot Clube de Portugal, em Lisboa, acolheu uma série de concertos para celebrar este ciclo e assinalar a edição das gravações dos espetáculos realizados nesse âmbito.

O ciclo “Histórias de Jazz em Portugal”, uma coprodução do Hot Clube de Portugal (HCP) e do Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, realizou-se entre janeiro de 2014 e maio de 2015 e incluiu uma série de concertos ao vivo com formações do jazz em português.

O velório de Manuel Jorge Veloso está marcado para hoje na igreja de São Francisco de Assis, na zona de Xabregas, em Lisboa, e o funeral acontece na quinta-feira, no cemitério do Alto de São João.

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