Ao contrário das últimas edições, condicionadas pela pandemia da COVID-19, o festival recebe este ano grupos do exterior, como é o caso da Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo, com o espetáculo "Na substância do tempo", em que "os coreógrafos portugueses de renome internacional Vasco Wellenkamp e Miguel Ramalho transformam versos de Sophia de Mello Breyner Andresen em coreografias", refere um comunicado à imprensa do Instituto Cultural (IC) de Macau.
Mas, apesar do regresso dos grupos artísticos estrangeiros, a próxima edição do FAM tem este ano um orçamento inferior ao do ano passado: cerca de 22 milhões de patacas (2,53 milhões de euros) face aos 24 milhões (2,76 milhões de euros) da edição passada, limitada pelas restrições da pandemia.
"No ano passado, a envergadura dos programas e leque eram maiores, por isso [o orçamento] era mais para a estadia dos artistas e o transporte", justificou hoje, em conferência de imprensa, a presidente do IC, Leong Wai Man.
Questionada sobre se a redução revela um desinvestimento do Governo da região nas artes, a responsável respondeu: "Estamos dentro da média do que temos feito".
À semelhança de Pequim, Macau seguiu durante quase três anos, até meados de dezembro, a política de 'covid zero', com quarentenas obrigatórias para quem chegasse ao território e a entrada vedada à maioria dos estrangeiros não residentes.
Com um total de 20 programas, entre teatro, ópera chinesa, dança, música e artes virtuais, a 33.ª edição do FAM, que se realiza entre 28 de abril e 28 de maio, arranca com "A Sagração da Primavera", um espetáculo da autoria da bailarina e coreógrafa chinesa Yang Liping.
O evento traz a palco também o trabalho do encenador chinês Liu Fangqi, com a adaptação do romance do autor japonês Higashino Keigo "Os Milagres dos Armazéns Namiya".
O programa inclui ainda "Electra", com base no clássico do poeta da Grécia Antiga Sófocles, um trabalho conjunto do Centro de Artes Dramáticas de Xangai e de uma equipa de produção grega, e "Xiao Ke", colaboração de dança entre a bailarina independente chinesa Xiao Ke e o coreógrafo francês Jérôme Bel, pretende ilustrar a evolução da dança e da cultura chinesas ao longo das últimas quatro décadas.
A celebrar o 30.º aniversário, o Grupo de Teatro Dóci Papiaçám di Macau, um dos vários grupos locais presentes no festival, encerra o festival com a peça em patuá, o crioulo de Macau, "Chachau-Lalau di Carnaval" (Oh, Que Arraial). Está prevista ainda a inauguração da mostra “Doci Papiaçam di Macau – 30 anos no Palco da Multiculturalidade: Uma Exposição Fotográfica".
Como é habitual, o FAM volta este ano com o Festival Extra, extensão da iniciativa principal, com um total de 22 programas, entre sessões com artistas, visitas aos bastidores, palestras, oficinas, exposições e projeções de espetáculos internacionais.
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