"O júri acaba de atribuir a Don Luis Mateo Díez o prémio de literatura em língua espanhola Miguel de Cervantes 2023", anunciou o ministro em Madrid, descrevendo o vencedor como um "escritor frente a todas as adversidades, criador de mundos e de territórios imaginários".
O vencedor irá rececer 125 mil euros, sendo o prémio de maior prestígio da língua castelhana.
"Que bom, que maravilha ser contemplado!", disse Díez em conferência de imprensa em Madrid."Estou satisfeito, feliz da vida", acrescentou, referindo-se a si mesmo como autor de "uma obra muito prolífica, não sei se talvez excessivamente prolífica".
O prémio é entregue sempre no dia 23 de abril, aniversário da morte de Miguel de Cervantes, na Universidade de Alcalá de Henares, cidade próxima a Madrid, onde nasceu o autor de "Don Quixote de La Mancha", em 1547.
Na cerimónia solene, o contemplado recebe o prémio pelas mãos dos reis da Espanha, Felipe VI e Letizia, no auditório da universidade.
Desde que começou a ser atribuído, em 1976, o prémio foi concedido a autores como Alejo Carpentier, Jorge Luis Borges, Adolfo Bioy Casares, Mario Vargas Llosa, Camilo José Cela, Guillermo Cabrera Infante, Álvaro Mutis, Eduardo Mendoza, Carlos Fuentes, Juan Marsé, Nicanor Parra, Sergio Ramírez e, em 2022, ao poeta venezuelano Rafael Cadenas.
Um autor "singular"
Luis Mateo Díez, nascido há 81 anos perto de León, é membro da Real Academia da Língua espanhola e um dos escritores mais prolíficos da cena literária espanhola.
Além de dois livros de poesia, tem uma obra narrativa, autobiográfica e ensaísta que recebeu prémios importantes, como o galardão da Crítica, o Prémio Nacional de Narrativa, o Prémio Francisco Umbral e o Prémio Café Gijón, entre outros.
Em 2020, recebeu o Prémio Nacional das Letras Espanholas.
Entre as suas obras de maior destaque estão "Las estaciones provinciales" (1982), "La fuente de la edad" (1986), os contos reunidos em "Brasas de agosto", "Las horas completas" (1990), a autobiográfica "Días del desván" (1997) e o ensaio "El porvenir de la ficción" (1999).
Os seus últimos romances são "Los ancianos siderales" (2020) e "Mis delitos como animal de compañía" (2022).
"Com uma prosa, uma sagacidade e um estilo que o tornam singular na consideração literária de mais alto voo, Luis Mateo Díez surpreende e oferece contínuos e novos desafios", diz a ata do júri.
"Nas suas criações destaca-se a perícia e o domínio indiscutível da linguagem, que o autor atribui a uma escrita na qual mistura com maestria o culto e o popular", acrescentou.
Com o prémio atribuído a Díez, o júri retoma o hábito de alternar autores espanhóis e latino-americanos, rompido brevemente em 2021 e 2022, quando contemplou, respectivamente, a uruguaia Cristina Peri Rossi e o venezuelano Rafael Cadenas.
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