A narrativa visual altamente estilizada lançada na plataforma de streaming Disney Plus dura uma hora e 25 minutos e, tal como "O Rei Leão", conta a história de um jovem que viaja por um mundo difícil, longe da família.

O trabalho é uma ode à experiência negra, repleta de imagens vibrantes que celebra a diáspora africana, uma exploração estética da história negra, poder e sucesso que também faz referência ao colonialismo, disparidade económica e racismo.

Beyoncé descreveu o álbum como um "trabalho de amor", que agora serve "a um propósito maior" do que o seu papel original como peça complementar de "The Lion King: The Gift", abordando o clima sociopolítico atual.

Protestos em massa contra o racismo seguiram-se ao assassinato por um polícia branco do afro-americano George Floyd, em maio, quando a pandemia do novo coronavírus já atingia duramente os Estados Unidos, infectando desproporcionalmente a população negra.

"Muitos de nós querem mudanças", escreveu Beyoncé no Instagram, num raro momento de desabafo pessoal da celebridade habitualmente reservada.

"Acredito que quando os negros contam as próprias histórias, é possível mudar o eixo do mundo e contar a história REAL de riqueza geracional e riqueza de alma que não são contadas nos nossos livros de História".

Imagens exuberantes

Alimentado por imagens exuberantes e a voz em crescendo de Beyoncé, "Black Is King" enfatiza fortemente as noções de família e maternidade, além de linhas filosóficas sobre origem e legado.

O marido da cantora, a estrela do hip-hop Jay-Z, a atriz Lupita Nyong'o e a modelo Naomi Campbell estão na produção. A mãe de Beyoncé, Tina Knowles-Lawson e a ex-colega de banda das Destiny's Child, Kelly Rowland, também aparecem, assim como a filha, Blue Ivy, e imagens raras dos seus gémeos, Rumi Carter e Sir Carter.

O filme segue o venerado álbum visual de 2016 de Beyoncé "Lemonade", que enfatizou a mulher negra no contexto do legado americano de escravidão e cultura de opressão.

Trailer de "Black Is King":

Desde o disco premiado os Grammys, Beyoncé tem valorizado a vertente visual na vanguarda da sua arte, já não tão focada em dominar as tabelas da pop.

Simultaneamente uma das estrelas mais discretas e mais admiradas da música, aos 38 anos a artista usa sua enorme plataforma de redes sociais para aprimorar a sua imagem e promover o seu trabalho, repleto de comentários sociais amplos sobre temas como género e raça.

Beyoncé também enfrentou críticas, especialmente de fora dos Estados Unidos, por implantar o que alguns chamam de visuais estereotipados da "tradição africana" - pintura facial e plumas, por exemplo.

Muitos utilizadores de redes sociais observaram que o Disney Plus não é acessível nos países africanos e que, embora Beyoncé tenha realizado alguns concertos no continente, as suas digressões não passam por lá há anos.

"É preciso entender como a nossa amada rainha Beyoncé está a reduzir a negritude e a africanidade à estética e às imaginações ocidentais da nossa existência", escreveu o utilizador Paballo Chauke no Twitter.

"Também é preciso falar de como isso agora é lucrativo", acrescentou.

Ainda assim, a 'Bey Hive' - legião de fãs fervorosos de Beyoncé - expressou alegria com o lançamento de "Black Is King", que rapidamente se tornou um dos temas mais comentados nas redes sociais.