“Com a entrada do novo ciclo de financiamento, e estando atentos à realidade que nos rodeia, defendemos que o Teatro Viriato tem a responsabilidade de fomentar o debate, a sensibilização, a formação e a reflexão sobre temas prementes na sociedade atual”, justificou Henrique Amoedo na passada tera-feira, em conferência de imprensa.
No primeiro dos ciclos de programação temática, “a ideia é levar os diferentes públicos a pensarem o 25 de Abril”, desde os mais novos aos seus pais e avós, explicou.
Segundo o sucessor de Patrícia Portela, haverá várias oficinas – como “A canção de intervenção” e “Conta-me como foi e como pode ser” - e os trabalhos “serão concluídos no dia 25 de Abril, com uma grande marcha pela cidade”, desde o Teatro Viriato até ao Rossio.
O objetivo é preparar “o pensamento para o que acontece no próximo ano”, para o qual está prevista “uma grande celebração”, frisou.
“Urgências” é o nome do segundo ciclo, que este ano será dedicado às alterações climáticas, com a realização de caminhadas, oficinas, performances, espetáculos, conversas e um concerto.
Henrique Amoedo contou que quando a nova direção estava a pensar a programação, “num momento de absoluto caos, com centenas de propostas” em cima da mesa, se apercebeu de que havia várias direcionadas para a emergência climática.
“Do princípio de mundo”, de Fernando Mota, “Conversas urgentes”, sobre sustentabilidade, energias renováveis e projetos de conexão com a natureza e o concerto “Mão Verde II”, da autoria de Capicua, Pedro Geraldes, Francisca Cortesão e António Serginho são algumas das iniciativas integradas neste ciclo.
Numa temporada em que o Teatro Viriato integra 18 coproduções, irá também acolher estreias de trabalhos artísticos como “Dolo”, do encenador Jorge Fraga, que aborda a teatralidade da justiça, e “Take my breath away”, da dramaturga Sónia Barbosa, sobre os problemas e desafios da Europa.
Será ainda lançado o álbum “Sr. Jorge ou a beleza dos encontros”, de Jorge Novo, Rui Sousa, Nuno Duarte, João Pedro Silva e Pedro Gonçalves de Oliveira e um espetáculo de dança para bebés e crianças intitulado “O patinho feio”, da companhia norueguesa Didwykdans, que integra dois intérpretes da Dançando com a Diferença.
Foi também anunciado o novo programa de residências de criação “Mi casa, tu casa”, através do qual o Teatro Viriato pretende dar condições para a criação artística sem que os artistas fiquem obrigados a apresentar um trabalho final.
Henrique Amoedo explicou aos jornalistas que o objetivo é acompanhar artisticamente o processo de criação, do princípio ao fim: “poder estar junto dos artistas, discutir a sua obra, dar ‘inputs’”, unindo “a experiência da equipa do Viriato nesse acompanhamento dos artistas, sem a obrigatoriedade de existir um trabalho final”.
“O que acontece muito hoje é que há vários espaços de residência, mas sempre vinculam à apresentação do resultado final. E nós entendemos que o artista às vezes pode não querer apresentar o resultado final, pode querer apenas estudar ou fazer um trabalho de pesquisa, porque isso é importante nesse momento na sua carreira”, justificou.
No seu entender, este programa contribuirá para que Viseu tenha mais artistas – que podem ser locais, nacionais e internacionais - que “ajudam a movimentar o próprio teatro” e também a economia da cidade.
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