Esta primeira edição, de 1572, da qual existem 34 exemplares, em três continentes, distribuídos por por bibliotecas públicas, privadas e coleções privadas, está na posse do Ateneu Comercial do Porto, que a adquiriu em 1904 por 170 mil réis (85 cêntimos, tendo em conta a taxa de conversão do euro correspondente a 170 escudos), como hoje lembrou o presidente desta associação, Rogério Gomes, na apresentação da exposição à imprensa.
Estes 170 mil réis foram comparticipados em 100 mil réis por um sócio e os restantes pela associação, explicou Rogério Gomes, adiantando que "esta edição de 'Os Lusíadas', que é um livro pequeno, é, de facto, a joia da coroa da biblioteca do Ateneu Comercial do Porto”.
A exposição, que é de entrada livre, vai ainda dar a conhecer mais duas edições antigas da mesma obra estão pertencentes ao espólio da Biblioteca Pública Municipal do Porto.
Uma delas é de 1817 e contém dois retratos de Camões e 10 estampas alusivas a cada um dos cantos que estruturam a epopeia e a outra é de 1880 e foi encomendada por Emílio Biel, um fotógrafo alemão radicado no Porto, explicou o diretor do Museu e das Bibliotecas do Porto, Jorge Sobrado, também presente na conferência de imprensa.
“Com esta iniciativa estamos a dar um contributo para quebrar uma espécie de torpor ou de indiferença que hoje define a relação dos portugueses com o poeta e com a sua obra”, disse Jorge Sobrado.
Reaproximar os portugueses da obra de Luís Vaz de Camões e reinscrever este autor nos seus hábitos de leitura é um dos propósitos desta mostra, sublinhou, lembrando que a exposição estará aberta das 09:00 às 17:00 e que assinala os 500 anos do nascimento do poeta.
Jorge Sobrado afirmou que a obra “Os Lusíadas” inaugurou um novo tempo na língua e na literatura portuguesas, criando uma “espécie de órbita” em torno da qual passou a girar toda a literatura de língua portuguesa.
Ainda para celebrar o nascimento do poeta, que se prevê que aconteceu a 23 de janeiro de 1524, deverá arrancar após o dia 10 de junho - Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas – o projeto “Camões na Cidade do Porto”, da autoria do escritor Gonçalo M. Tavares.
Este projeto implica a filmagem de leituras de “Os Lusíadas”, por vezes em atos performativos, em vários espaços interiores e exteriores da cidade, roteiro que começará agora a ser elaborado, explicou o escritor.
A leitura das 1.102 estrofes do poema de Luís Vaz de Camões será feita por 1.102 cidadãos anónimos dos sete aos 87 anos, sendo depois os vídeos disponibilizados nos vários pontos da cidade por leitura do QR Code, esclareceu Gonçalo M. Tavares.
“A ideia aqui é voltar a colocar 'Os Lusíadas' a serem lidos em voz alta por pessoas dos sete aos 87 anos, é colocar as pessoas a contactar, de novo, com este livro absolutamente extraordinário”, reforçou.
Os interessados em participar neste projeto poderão, em breve, inscrever-se numa página do município. Em relação aos mais novos, essa abordagem passará pelas escolas, revelou Gonçalo M. Tavares.
O diretor do Coliseu do Porto, espaço que se associa a esta comemoração dos 500 anos de Camões, sublinhou a importância das instituições da cidade trazerem o poeta para as ruas.
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