A responsável falava à agência Lusa no final da apresentação da 6.ª edição da Feira Internacional de Arte Contemporânea ARCOlisboa, na quinta-feira, evento que reunirá este ano 86 galerias de 23 países, entre elas 25 portuguesas, regressando à Cordoaria Nacional, até 28 de maio.
“Os pontos fortes desta edição serão as formas como vai refletir a riqueza, a complexidade o poder da arte portuguesa e da sua cultura, em diálogo com o mundo, já que este ano ampliámos a representação de galerias de 23 países, desde a Europa, Estados Unidos e América Latina”, salientou a responsável.
A apresentação do certame decorreu no salão nobre dos Paços do Concelho da Câmara Municipal de Lisboa, onde também esteve presente Diogo Moura, vereador da Cultura, Economia e Inovação, e Bruno Múrias, galerista e membro do comité organizador da ARCOlisboa.
Sobre a ampliação do número de galerias nesta edição – a maior de sempre – Maribel López comentou que espelha “o interesse e a qualidade das propostas” apresentadas, sobretudo para a secção Opening, que passou para 23 galerias, ficando 55 no programa geral e oito na secção África em Foco.
“Estamos muito tranquilos em termos de conteúdos porque pensamos que são muito bons, e as expectativas de sucesso estão ligadas ao aumento do interesse de tantas galerias que quiseram participar”, salientou a curadora, acrescentando que a feira encontrou “um bom tamanho para trabalhar durante algum tempo, e para se consolidar”.
No ano passado, a maior feira nacional dedicada à arte contemporânea reuniu 65 galerias de 14 países e recebeu 11 mil visitantes nos quatro dias de abertura ao público, segundo os números de balanço divulgados na altura pela organização.
Este ano, a participação de galerias portuguesas representa 30% da feira, com 25 representadas, e o segmento internacional situa-se nos 70% — 61 galerias —, sobretudo oriundas da Europa, mas também com presença africana, reunindo galerias de Angola, Marrocos, Moçambique e África do Sul.
Sobre a ligação entre Portugal e Espanha neste setor, Maribel López disse que “a conexão entre galerias e artistas de Portugal e de Espanha sempre existiu, e a ARCOlisboa tenta reforçá-la desde o início”.
O programa África em Foco volta a centrar a atenção na investigação da arte contemporânea do continente africano, com a participação de oito galerias selecionadas pela curadora Paula Nascimento.
Incluirá galerias de Marrocos (African Arty), África do Sul (Afronova e Guns & Rain), Moçambique (Arte de Gema), assim como de França (193 Gallery), Alemanha (Artco) e Portugal (Insofar e Perve), com expositores individuais que estarão espalhados pela feira.
Estes conteúdos completam-se ainda com outras galerias africanas que participam no Programa Geral, como L'atelier 21 Art Gallery, de Marrocos, e as angolanas Movart e This Is Not A White Cube.
Sobre se esta secção deverá continuar nas próximas edições da feira, Maribel López respondeu: “Sim, vai manter-se porque é uma linha de investigação, e a curadora [desta secção] continua a fazer uma seleção de galerias que se tem vindo a projetar para o programa geral”.
Relativamente ao interesse na conquista de novos públicos, a curadora comentou que a arte contemporânea precisa sempre de novos colecionadores: “Não podemos pensar só nos que compram hoje, mas também no futuro. Por outro lado, a arte pode ajudar muito a sociedade a refletir, a fazer perguntas. Os artistas fazem um questionamento em permanência que é essencial”.
Questionada pela Lusa sobre a situação atual do mercado, López admitiu que os mercados de arte contemporânea de Portugal e de Espanha “não são os principais do mundo”: “Sabemos isso, mas a fidelidade e o compromisso dos colecionadores portugueses para com os artistas e galeristas é muito forte”.
“Os mercados mudam sempre, mas há cada vez mais pessoas a visitar Lisboa e o compromisso mantêm-se”, salientou a diretora, desde 2019, das feiras ARCOlisboa e ARCOmadrid, organizadas pela IFEMA (Feiras de Madrid).
Nesta que é a maior representação de galerias nos seis anos de atividade - com um aumento de 32% - o programa geral, eixo principal da feira, integra algumas que participam primeira vez, como a Carlier | Gebauer, Document, Elisabeth & Klaus Thoman, Fernando Pradilla ou The Goma, enquanto outras regressam depois de uma pausa de uma ou mais edições, como a Fernández-Braso, Baró, Georg Kargl, MPA-Moisés Pérez de Albéniz ou Pelaires.
As portuguesas Lehmann + Silva e a No-No Gallery fazem parte das que se juntam a esta secção depois de terem participado na secção Opening Lisboa do ano passado.
A nível nacional estarão também, entre outras, Cristina Guerra Contemporary Art, Francisco Fino, Madragoa, Miguel Nabinho, Pedro Cera, Vera Cortês, Quadrado Azul, Presença, Uma Lulik, Galeria 111, e, entre as estrangeiras, a Alarcón Criado, Elvira González, Heinrich Ehrhardt, Helga de Alvear, Juana de Aizpuru ou Leandro Navarro.
O crescimento do programa geral também se refletirá em novos conteúdos como os projetos SOLO, apontando que será apresentado em profundidade o trabalho de nove artistas internacionais, entre eles Mané Pacheco (galeria Balcony), Nacho Criado (José de la Mano), Eugenia Mussa (Monitor), Sidival Fila (Baró)FOD (T20), Ana López (W-Galería) e Hong Zeiss (Zeller Van Almsick).
Através da secção Opening Lisboa, cuja seleção foi feita por Chus Martínez e Luiza Teixeira de Freitas, com a colaboração de Diogo Pinto, a feira terá 21 galerias, tais como Anca Poterasu, Britta Rettberg, Livie Gallery, Menoparkas, Portas Vilaseca, Ravnikar, que se estreiam no programa, ou Artbeat, Atm, Foco, Rodríguez Gallery e The Ryder Projects, que regressam.
Pela quarta vez, a ARCOlisboa irá atribuir o Prémio Opening Lisboa, cujo júri, constituído por profissionais do setor, reconhecerá o melhor expositor da secção com a cedência do espaço expositivo na feira como prémio.
Na ARCOlisboa, haverá novamente o espaço ArtsLibris, área especializada em edições de artista, fotolivro e publicações digitais, com cerca de trinta expositores nacionais e estrangeiras, no Torreão Nascente da Cordoaria, com acesso gratuito ao público.
O Fórum ARCOlisboa, comissariado pela Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC), dirigido pelos curadores Marta Mestre e Ángel Calvo Ulloa, voltará a ser um espaço de investigação em arte contemporânea.
Tal como nas edições anteriores, a ARCOlisboa irá criar um programa cultural paralelo em articulação com instituições como museus, inaugurações e visitas a exposições e coleções privadas, entre outros eventos.
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