“Isto é realmente um sonho tornado realidade”, disse a atriz, numa conferência de lançamento da produção em Los Angeles, onde falou da simbiose com a criadora Issa López. “Ela é a minha favorita entre os realizadores com quem já trabalhei”.
A nova temporada da série antológica estreia-se na HBO Portugal a 14 de janeiro, conta com Kali Reis, uma ex-pugilista de ascendência cabo-verdiana e parte da tribo Wampanoag, e mostra Jodie Foster a interpretar a detetive Liz Danvers, que investiga uma série de crimes bizarros no cenário idílico e gelado do Alasca. A atriz salientou a importância de contar uma história “genuinamente centrada” num povo indígena, sendo que as filmagens foram feitas na Islândia.
“Tivemos enormes desafios, a trabalhar à noite na neve e na natureza”, indicou Foster. Mas o poder da história e a conexão entre os elementos da equipa tornaram a experiência numa bênção, disse.
“Foi incrível ver emergir uma personagem totalmente nova, que era mais do que eu podia ter antecipado ou esperado, e isso ajuda à dinâmica entre Danvers e Navarro”, afirmou.
Evangeline Navarro é a outra personagem central e é encarnada por Kali Reis. Toda a história é centrada no povo nativo Iñupiaq, que habita nas terras do Alasca há quatro mil anos.
“Não sou a porta-voz de todo o povo Iñupiaq, mas sou orgulhosamente indígena, e isso é muito importante para mim em tudo o que faço”, afirmou Kali Reis, na mesma conferência.
“Tendo esta mistura de mulher cabo-verdiana e indígena e podendo representar um grupo de pessoas normalmente sub-representadas, em especial no Alasca, foi muito importante para mim ter a perceção de como o povo Iñupiaq queria ser visto”, afirmou.
A temporada é uma criação da realizadora mexicana Issa López, que tem trabalhado muito de perto com Guillermo Del Toro, e a sua intenção era regressar às origens de “True Detective”.
“Havia algo naquele gótico sulista que permaneceu connosco”, disse Issa López, recordando o impacto que a primeira temporada da série teve, em 2014. “Algo nestes dois personagens tão diferentes, num mundo que era em si mesmo um personagem, o gótico americano em paisagens intermináveis onde tudo pode acontecer”.
Desta vez, López criou duas personagens femininas muito distintas que tentam resolver crimes perturbadores noutra paisagem interminável, agora feita de gelo.
Mas Jodie Foster não gostou da primeira abordagem à sua personagem, dizendo que não se revia nela.
“Ela disse que gosta de mulheres fortes”, lembrou López. “Começou a falar de uma personagem cheia de defeitos, e quando terminou olhei para ela e disse, ‘portanto, queres que ela seja uma idiota?’ E ela sorriu e disse que sim”.
O papel marca uma nova era na carreira de Jodie Foster, que foi fazendo aparições esporádicas na televisão mas nunca mais protagonizou uma série depois 1975.
No dia em que “True Detective: Night Country” se estreia, a atriz estará na gala da Associação dos Críticos (Critics Choice Awards) com a sua primeira nomeação de sempre na cerimónia, competindo por Melhor Atriz Secundária pelo papel no filme da Netflix “Nyad”.
Aos 61 anos, Foster disse que a sua carreira de 58 anos tem sido “uma aventura longa e fantástica” e que está “mais feliz que nunca”, apreciando este momento de trabalho em equipa.
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