“É fantástico, o som é avassalador. Nós entrámos nisto um bocadinho sem saber ao que íamos, num território completamente desconhecido, mas muito apetecível, e percebemos que, concerto atrás de concerto, sala esgotada atrás de sala esgotada, as pessoas começam a conhecer cada vez mais o disco”, avançou, em declarações à Lusa, o pianista e fundador da banda de Alcobaça, Nuno Gonçalves.
O novo disco, lançado em setembro de 2022, deu origem a uma digressão em Portugal continental, “com 25 datas, todas elas esgotadas”, e os The Gift fizeram questão também o apresentar nos Açores, onde têm um longo histórico de atuações.
“Por haver um oceano que nos separa, muitas vezes esquecemo-nos de fazer as grandes produções nas ilhas. Nós vimos também de um meio pequeno e não gostamos de ser esquecidos. Os Açores sempre foram ilhas onde os Gift tocaram muito, onde foram sempre muito bem recebidos. Acho que é a altura de dar da nossa parte um espetáculo único e uma digressão única”, explicou Nuno Gonçalves.
Fazer deslocar do continente 20 músicos coralistas era “uma missão um bocadinho difícil” e surgiu a hipótese de a banda colaborar com o Coral de São José, “que desde o início que se mostrou muito interessado”.
Os músicos ainda não pisaram o mesmo palco, porque há “um oceano que os separa”, mas o Coral de São José já recebeu as pautas e até outubro deverá estar “tudo afinado ao mais ínfimo pormenor”.
Para já, estão marcados três concertos, no Coliseu Micaelense, em São Miguel (21 de outubro), e no Teatro Faialense, no Faial (27 e 28 de outubro), mas o pianista da banda espera, até lá, conseguir confirmar mais datas noutras ilhas.
“O trabalho que o Coral de São José está a fazer é notável, porque têm de ensaiar estas peças todas. Seria mais gratificante para todos se conseguíssemos ter mais datas nos Açores”, salientou.
Antes de chegar ao arquipélago, o “Coral” ainda passa por outros palcos em Portugal e em Espanha (Madrid), mas hoje a banda leva os êxitos de quase 30 anos de carreira à ilha das Flores.
“Os concertos que vamos fazer em outubro são completamente diferentes, mais íntimos, com uma dose mais clássica. É uma maneira nova e um som novo que os Gift fizeram neste novo disco, que acho que as pessoas vão gostar muito”, avançou Nuno Gonçalves.
O “Coral” levou “quase um ano e meio para ser feito” e esteve para ser cancelado “duas ou três vezes”, porque a banda não estava a “conseguir chegar ao som” que pretendia, mas “do escuro fez-se luz” e em setembro o álbum foi lançado.
“Foi uma grande viagem nossa por mundos de música que nunca tínhamos desbravado antes. Metemo-nos pela música coral a dentro, deixámo-nos influenciar por compositores com o Arvo Pärt, como o Jóhann Jóhannsson, que escrevem para coro, muito contemporâneos. Mal nós sabíamos que ia ser uma das grandes epopeias da nossa vida”, recordou o pianista.
Segundo Nuno Gonçalves, a nova sonoridade “ao início estranha-se, mas depois entranha-se” e tem tido um “grande acolhimento por parte do público”.
“É um disco que não foi feito para tocar nas rádios, foi feito para tocar as pessoas. E perceber que as pessoas se sentem tocadas por aquelas vozes, por aquela eletrónica, pela voz da Sónia, que canta maioritariamente em português neste disco, é obviamente motivo de orgulho e estamos muito contentes com o caminho que este disco está a levar”, sublinhou.
Fundado em 1967, o Coral de São José, de Ponta Delgada, é o coral mais antigo dos Açores e conta com meio século de atividade musical ininterrupta.
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