A 4.ª edição do Operafest realiza-se entre 18 de agosto e 9 de setembro, em Lisboa, sob o mote "Entre o céu e o inferno", apresentando três grandes clássicos, mas também novidades como as “rifas operáticas” e o “cine-ópera”.
Em declarações à agência Lusa, a diretora artística do Operafest, a soprano Catarina Molder, realçou que o festival, nos jardins do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), continua a atrair novos públicos para a ópera e que este é “uma montra de novos talentos” portugueses.
Nesta edição, as pessoas vão poder comprar “rifas operáticas”, habilitando-se a 110 minutos de ópera na sua casa ou no local de trabalho.
Ao mote escolhido, “Entre o Céu e o Inferno”, “entre os prazeres e os medos mais profundos, existe uma questão transversal, da condição feminina, da expiação e da culpa feminina, que é como se expiasse os males do mundo, e também a luta pela emancipação feminina e os direitos das mulheres”, disse Molder.
“Este ano, em vez de um grande clássico temos três grandes clássicos, arrancamos logo com a ‘Carmen’, de Bizet, e um grande clássico para o público do futuro, ‘A Flauta Mágica’, de Mozart, na versão em português de Alexandre Delgado – juntamos aqui a força de um grande clássico para chegar a novos públicos para a ópera”, disse a diretora artística do evento, acrescentando que o terceiro é “Suor Angélica”, de Puccini.
De seguida, dá-se a estreia, em 26 de agosto, de “Rigor Mortis”, de Francisco Lima da Silva, uma adaptação do conto "Casa Mortuária", de Domingos Monteiro, protagonizada por Catarina Molder. O espetáculo volta à cena no dia seguinte.
“A Flauta Mágica”, de Mozart, sob a direção musical do maestro Tiago Oliveira, sobe à cena nos dias 2, 3 e 5 de setembro, sempre às 21h00.
Molder realçou ainda a estreia em Portugal de uma meio-soprano “em ascensão, uma artista muito interessante”, a alemã Kristina Stanek, em “Cármen”, que vai estar em cartaz nos dias 18, 19, 21, 23 e 25 de agosto.
Esta produção, sob direção musical do maestro luso-polaco Jan Wierzba, marca a estreia como encenador de ópera do ator e encenador Tónan Quito.
Uma das novidades este ano é o ciclo “Cine-Ópera”, que se apresenta na Cinemateca Portuguesa, também em Lisboa, e que salienta “os contágios e vocações entre cinema e ópera”.
“Eu costumo dizer que a seguir à ópera veio o cinema”, referiu Catarina Molder, que apontou o compositor Richard Wagner como o criador do conceito de banda de sonora.
Este ciclo interage com a programação operática, apresentando filmes como “A Flauta Mágica” (1975), de Ingmar Bergman, e “Os Canibais” (1988), de Manoel de Oliveira, que “criou um novo paradigma, foi a primeira vez que um grande realizador criou uma ópera que só pode ser vestida em filme”.
No ano do centenário do nascimento da soprano Maria Callas (1923-1977), é ainda exibido o documentário “Maria by Callas” (2017), de Tom Volf.
A soprano Maria Callas, que “tornou o canto lírico mais universal que a ópera, que ainda hoje conquista públicos para a ópera”, é o tema de uma conferência pelo musicólogo Rui Vieira Nery, no dia 7 de setembro.
Deste ciclo faz parte projeto “Máquina Lírica”, aulas de canto para amadores, que acontecem dias 26 e 27 de agosto na Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul.
No âmbito do ciclo “Ópera satélite” é apresentada no dia 01 de setembro, no Teatro Romano, a performance “Forças Ocultas”, por Gustavo Sumpta.
Também neste ciclo, Inês Thomas Almeida leciona um ‘curso livre’, intitulado “À descoberta da Ópera”, nos dias 4 e 6 de setembro.
A “maratona ópera XXI” com o título “Grandes Cantores para a Ópera de Hoje” realiza-se no Centro Cultural de Belém, no dia 06 de setembro.
O Opera Fest encerra no dia 9 de setembro, a partir das 22h00, como tradicionalmente, com uma “‘rave’ operática” no jardim do MNAA.
Comentários