O artista brasileiro radicado em Londres Momo. (o nome tem mesmo um ponto final) olha para o mundo com uma “inerente tristeza”. Se lhe dissessem há dois ou três anos que o mundo estaria como está, o artista não acreditaria.
Marcelo Frota no alter ego Momo. é um artista brasileiro que escolheu Londres como nova casa em 2021, depois de viver em Angola, Portugal e nos EUA.
Como o próprio nome do evento indica, no Festival Músicas do Mundo (FMM) há bandas de todo o lado. Momo. reflete sobre artistas da Palestina, como os Dam, que têm muito mais dificuldade em chegar aqui, sair ou entrar no país.
“Mas mais uma vez acho que a música e a arte unem. Conseguem encontrar esse lugar de amor, carinho, uma certa utopia, de um lugar onde todos somos os mesmos e onde não existe essa fronteira”. O músico olhou para a programação e achou “maravilhosa” a diversidade do festival.
Sobre as recentes mudanças políticas no Reino Unido, onde houve uma viragem à esquerda, Momo. afirma que ainda é preciso aguardar “um pouco” para assistir a uma renovação nas políticas culturais.
"Em Londres diz-se que quem votou a favor do Brexit foi quem não mora em Londres, [mas] os habitantes das cidades mais pequenas", considera, numa referência aos resultados de condados de Inglaterra e do País de Gales, enquanto a permanência na União Europeia obteve larga maioria, em volta dos 60%, na Escócia, Londres e Irlanda do Norte.
Músico residente do Total Refreshment Centre, situado a leste de Londres, Momo. convidou o baterista e produtor Nick Woodmansey para sessões de improviso. O resultado é “Gira”, álbum que sucede a “I Was Told To Be Quiet”, a editar em 15 de outubro, e que explora o afrobeat e os grooves latinos, tendo o jazz como ponto de partida.
Momo. considera-se “privilegiado e afortunado” por ter feito diversas amizades em Londres no campo da música, passados menos de três anos desde que aí passou a morar, e por “ter caído nesse lugar com tanta música diferente, com tanta inspiração”.
A acompanhar Momo. (voz e guitarra) no palco principal do FMM estiveram Julio de Castro (baixo), Rosie Turton (trombone), Tamar Osborn (saxofone e flauta) e Ursula Milan (bateria e percussão).
Na verdade, “essas pessoas mudaram o disco”. Momo. não tinha uma ideia “muito fixa” de como seria o álbum, ao contrário dos anteriores. O músico partilha dos “improvisos, ensaios e sessões de ritmo para depois fazer as músicas e construir as melodias”. Assume mesmo que o ponto de partida é “muito livre, muito aberto”.
A 24.ª edição do FMM, a decorrer em Sines, até sábado, apresenta um total de 43 concertos, com artistas de 27 países. Organizado pela Câmara Municipal de Sines, recebeu o galardão de Melhor Programa Cultural no Iberian Festival Awards 2024.
Comentários