A abertura das portas do estádio só estava marcada para as 16h00, mas como é habitual nos concertos das bandas e artistas mais populares houve quem tivesse dormido em tendas à espera de conseguir o melhor lugar.
No entanto, a maioria começou a chegar durante a manhã. Num passeio pelas imediações do Estádio da Luz, a Lusa encontrou sobretudo raparigas jovens e adolescentes, portuguesas e estrangeiras, em grupo, com os namorados, acompanhadas pelos pais, mas também sozinhas, como Sophie, que veio propositadamente da Ilha da Reunião, em França.
Fã de Taylor Swift desde os 13 anos, Sophie está em Lisboa com o irmão, a namorada e os sogros deste. Mas só ela vai ao concerto.
“Descobri-a há 11 anos e tive oportunidade de a conhecer em 2019, em Paris, adoro todas as canções dela e ela dá-me coisas que outras pessoas não conseguem dar”, disse à Lusa, justificando assim a opção por ver três concertos da cantora, dois em Lisboa – hoje e no sábado – e um em Lyon, França.
Contas feitas, gastou cerca de 600 euros em bilhetes, mais cem euros na roupa e oitenta numa camisola oficial da “The Eras Tour”, a digressão mundial que traz a cantora norte-americana a Portugal.
O espetáculo é uma celebração da carreira de Taylor Swift e passa em revista os álbuns da cantora, num alinhamento com cerca de 40 canções que vão sendo apresentadas em blocos, que representam os vários álbuns e nos quais a cantora surge sempre com figurinos diferentes.
Cada álbum representa uma era e a larga maioria dos fãs apresentam-se nos espetáculos vestidos a rigor.
Sophie elegeu o álbum “Reputation”, e vestiu-se de preto, com brilhos e umas sandálias de salto alto prateadas, que só colocará nos pés já dentro do estádio. Enquanto espera, dá descanso aos pés nuns chinelos rasos.
Nos braços, as pulseiras da amizade, que nunca na vida pensou fazer, e conta trocar com outros fãs, como Matilde de 17 anos.
A adolescente, de 17 anos, está em Lisboa com a irmã para ver ao vivo a cantora que ouve “desde pequena”. “Quando tive acesso às redes sociais, o primeiro vídeo que assisti foi dela”, partilhou com a Lusa.
Embora o álbum preferido de Matilde seja “Folklore”, decidiu vestir-se de acordo com a ‘era’ “Midnights”, mas especificamente com a música “Bejeweled”: saia e top preto, com apliques de brilhos.
O facto de Taylor Swift “transmitir muito a sua história na música que faz, contar coisas do quotidiano, relacionamentos”, faz com que Matilde se identifique com a cantora. “É um apoio para não nos sentirmos sozinhas, alguém que nos compreende”, disse.
O mesmo sente Marília, brasileira de 18 anos, a viver em Lisboa há dois anos.
“A Taylor tem um papel muito importante na minha vida, a música dela marcou fases especiais e momentos. Acredito que não marcou só a minha vida, mas também de jovens ao redor do mundo. A música tem o poder de marcar vários jovens que se identificam com a arte a vida dela”, partilhou com a Lusa.
A representar o álbum “Lover”, vestida com saia e top cor-de-rosa, com um chapéu de cowboy da mesma cor e umas botas texanas calçadas, Marília tem uma fita de quem comprou bilhete VIP.
Como o bilhete foi um presente, os gastos que teve acabaram por ser em roupa, cerca de cem euros, e com os materiais para fazer as pulseiras, à volta de vinte euros.
Também Matilde recebeu o bilhete de presente, assim como Ana, de 16 anos, que se deslocou ao Estádio da Luz na companhia da mãe, Manuela.
“Foi um investimento, ela merece. Foi uma boa prenda, forma de compensar tudo o que ela tem vindo a conseguir”, referiu Manuela, contando que gastou 170 euros em cada bilhete, um para ela e outro para a filha, mais viagens de autocarro e alojamento que, como já tinha reservado com muita antecedência, “ficou em conta”.
A isso somou-se assim uma despesa extra, em ‘merchandising’, apesar de ter dito a Ana que não iria acontecer, porque já tinham gasto muito dinheiro.
Ana é fã de Taylor Swift desde os 12 anos e sente que as músicas da cantora “transmitem uma emoção” com a qual consegue relacionar-se.
Para se vestir a rigor, Ana inspirou-se no tema “Mirrorball”, do álbum “Folklore”. Top branco, saia de lantejoulas prateadas, brilhantes na cara e nos cabelos e, claro, as pulseiras da amizade, que começou a fazer há cerca de um ano, “logo quando anunciaram as datas dos concertos em Portugal”.
“Miss Americana & The Heart Break Prince”, do álbum “Lover”, foi a inspiração para o casal de namorados Marta, de 23 anos, e Victor, de 28 anos, de Barcelona.
Marta é Miss Americana, “mas em Miss Catalã, a representar o orgulho da Catalunha”, com um vestido cor-de-rosa, uma faixa com as cores da bandeira catalã, e as pulseiras da amizade, algumas que fez e outras oferecidas por amigos. Victor é o príncipe que a acompanha, com uma coroa na cabeça e uma t-shirt com um coração partido desenhado.
Marta ouve Taylor Swift “desde muito pequena”. “Hoje é o melhor dia da minha vida, depois [de ter visto ao vivo] os One Direction aos 14 anos. Estou muito emocionada”, confidenciou.
Victor assume que passou a gostar de Taylor Swift, por amor a Marta, que “há semanas que está histérica”.
Entre bilhetes para o concerto, passagens de avião e alojamento gastaram cerca de 300 euros. A este valor, acresce o que Marta irá gastar a ir ao concerto de Madrid, em 30 de maio, com amigas.
A passagem da “The Eras Tour” em Portugal, inicialmente apenas para uma data, foi anunciada em junho. Os bilhetes estariam à venda em julho, mas era necessário que os interessados se inscrevessem para eventualmente acederem à compra.
O preço dos bilhetes variava entre os 62,50 e os 539 euros, valores aos quais acresciam taxas, e esgotaram em pouco tempo, como tem acontecido em todas as datas desta digressão.
O início do espetáculo está marcado para as 18:15. Antes de Taylor Swift atuam os Paramore.
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