É uma semana de boas notícias para Jessie Ware: além do aclamado lançamento do remix do single "Freak Me Now" com Róisín Murphy, a cantora londrina está na lista da edição de 2023 do Mercury Prize, que premeia todos os anos o melhor álbum de um artista britânico ou irlandês.
O regresso a Portugal está também na mira. A cantora britânica, que ganhou destaque em 2012 com o lançamento do seu primeiro álbum, "Devotion", atua a 16 de agosto no Vodafone Paredes de Coura, menos de um anos depois de ter sido uma das protagonistas da primeira edição do MEO Kalorama, no Parque da Bela Vista, em Lisboa.
Com vários singles de sucesso, como "Wildest Moments", "Running", "Say You Love Me", "What's Your Pleasure?" ou "Free Yourself", Jessie Ware é considerada uma das principais vozes da música pop britânica e elogiada pelo lirismo emocional e pela capacidade de criar canções pop marcantes e envolventes.
Os sucessos já são muitos, mas a música sempre pareceu um sonho distante, conta Jessie Ware em entrevista ao SAPO Mag. "Sabes... acho que a música era um sonho que não iria necessariamente acontecer. Não parecia realista pensar que um dia seria cantora. Sempre pensei que, talvez, fizesse algumas coisas em musicais. Quando cantei num coro para um amigo meu, num programa de rádio, pensei: 'oh meu Deus, isto pode ser um trabalho'. Podia ser só voz de apoio e isso seria tão bom", confessa.
"Acho que tive o clique quando eu consegui ser mesmo backing vocal - e não era porque queria ser a semente principal. Gostava do facto de poder fazer algo que adorava com as pessoas que adorava. E parecia-me fácil e gratuito. Adorei. Então, sim, o clique deu-se quando eu estava no início dos 20 anos", recorda.
Mas a primeira vez que Jessie Ware subiu a palco foi muito antes dos 20 anos, ainda na infância. "Foi num igreja, para um concerto de Natal. Cantei 'Away in a Manger'", conta, cantando os versos da popular canção. "Fiquei apavorada quando cantei, mas também foi muito emocionante. Foi como conduzir de olhos fechados. Ficas como: 'oh meu Deus, o que está a acontecer?'. Acho que tinha nove ou dez anos", lembra.
Hoje, quando sobe a palco, Jessie Ware continua a sentir um nervoso miudinho. "Os nervos acalmaram e penso neles como entusiasmo. Sei que posso fazer isso agora, que posso subir a palco e cantar. Sei o que estou a fazer. Nos primeiros anos, pensava sempre: 'oh, será que vão gostar de mim? O que é que estou a fazer?'. Agora, tenho cinco álbuns e uma setlist de morrer. Tenho dançarinos, apoio de um coro e o espetáculo é ótimo. Estou muito orgulhosa por isso", confessa.
"Não fico ansiosa, mas o teu coração fica a bater mais de força. Tens de te acalmar e só tenho de pensar que é da emoção. Não é medo, é emoção", explica a artista em conversa com o SAPO Mag.
A experiência, tanto em estúdio como em palco, ajudaram Jessie Ware a ter mais confiança. "Tenho muito mais confiança em mim, corro mais riscos e mostro mais de mim na minha música. Sinto que sou a artista que queria ser, o que é uma sensação incrível. Sinto-me muito sortuda por ter levado quatro ou cinco álbuns para chegar lá. Mas estamos lá agora", celebra a cantora.
A nomeação para a shortlist do Mercury Prize 2023 é mais uma confirmação do sucesso do quinto disco da artista - "That! Feels Good!" chegou no final de abril e rapidamente conquistou os fãs e os tops mundiais.
Mas como começaram a nascer as canções do novo disco? "Tive ideias para o álbum assim que terminei 'What’s Your Pleasure?'. Pensei: 'certo, acho que sei o que quero fazer. Quero fazer mais ao vivo, que seja mais emocionante, que tenha ritmo'. Tive todas essas ideias e comecei por fazer uma playlist - os sons das guitarra, a energia... Foi precisa uma preparação. Mas também é sobre deitar tudo para fora em estúdio. Tu chegas com uma ideia, mas estando disponível para ouvir, tudo pode mudar. Se isso te faz sentir bem, então segue em frente", frisa.
"Aprendi que não se pode ser tão rígido quando vais para estúdio, a parte maravilhosa é quando te libertas", acrescenta. "Geralmente começa com um beat ou com uma sequência de acordes. Tento chegar à energia que quero. E, então, é sobre te faz sentir alguma coisa. Se te faz sentir alguma coisa, espero que faça sentir algo a outra pessoa. E isso está na melodia e tentamos encontrar uma boa melodia. Depois vem a letra", resume.
Depois dos primeiros singles do álbum, Jessie Ware decidiu desafiar Róisín Murphy para uma nova versão de "Freak Me Now", que chegou esta semana aos serviços de streaming de música."Ela é incrível. Admiro-a e respeito-a muito. E é um prazer absoluto tê-la nesta canção. Acho que os nossos fãs coletivamente vão ficar muito animados com isso", prevê.
"Vão ter de dançar comigo"
A 16 de agosto, Jessie Ware regressa a Portugal para atuar no Vodafone Paredes de Coura. Para a artista, a partilha com o público é a melhor parte de fazer uma digressão. "A ligação com o público que tens durante uma hora e meia... essa energia que sentes quando estás no palco, com toda a gente a cantar e a dançar as tuas canções... as pessoas estão a cantar para ti e isso é incrivelmente viciante", confessa.
"Tenho tanta sorte de viver isso tantas vezes por ano. É uma euforia. Adoro sempre e também aprecio o quanto tenho de trabalhar. Adoro, adoro trabalhar no duro para as pessoas e dar tudo em palco. Quero dar sempre o melhor concerto, quero que tenham uma experiência memorável com os amigos, com os familiares. É importante para mim", sublinha.
"O concerto em Portugal vai ser repleto de energia, vai ser divertido e fabuloso. Quem gosta dos meus últimos dois álbuns, é isso que vai ter. Só toquei uma vez em Lisboa desde o lançamento de 'What’s Your Pleasure?'. Portanto, não nos vamos despedir de 'What’s Your Pleasure?' tão rapidamente. E vamos tocar os singles que os fãs ainda não ouviram e que são animados. Vão ter de dançar comigo, vão ter de fazer o chicote e os movimentos de dança", garante Jessie Ware.
Ao SAPO Mag, a britânica defende ainda que a música é uma terapia para quem cria e para quem ouve. "Tenho muita sorte de poder fazer disto um trabalho. Sempre que estou no estúdio a fazer música com outras pessoas, há aquele momento em que estás a criar música, a cantar coisas loucas, e outra pessoa está a tocar piano e ficas tipo: 'wow, este é o meu trabalho. Isto é o que eu faço como trabalho. Isto não parece trabalho'. É muito divertido", confessa.
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