“Descrevê-lo-ia como um reflexo do que fomos vivendo enquanto escrevemos, a altura dos confinamentos [devido à pandemia de COVID-19]. Foi numa altura em que também os três passámos por coisas pessoais mais delicadas. Foi uma coisa de catarse, terapêutica, quase. É um pouco um disco que tenta refletir isso tudo, quer a nível lírico quer na parte estética”, conta à Lusa José Silva, teclista da banda que inclui também Francisco Lima (voz) e Raul Mendiratta (sintetizadores).
O segundo longa duração, sucessor do bem recebido “Ata Saturna”, de 2021, inclui “letras um pouco negras, até mais do que no disco anterior”, mas também “uma espécie de raio de luz, com alguns sons, algumas músicas mais luminosas”.
O título, explica José Silva, vem do “que vem a seguir ao azul”, ou a sentir-se ‘blue’, um eufemismo na língua inglesa para estar triste ou deprimido.
Lançado em formato digital e vinil pela Lovers & Lollypops, o disco combina a estética rock com o pós-punk, a eletrónica e conjuga-a com as letras de Francisco Lima, um vocalista a atravessar vários estados de alma ao longo de oito canções, incluindo o single “Auto-Pânico”.
A pandemia de COVID-19, com dois confinamentos e muitas restrições a concertos e outros eventos que permitissem aos músicos apresentar as suas criações - e ganhar dinheiro com isso -, é tema recorrente de muitas bandas e artistas que lançaram novos registos de estúdio.
“Foi mesmo [afetado] o setor todo no geral, ainda estamos todos a aprender a andar outra vez. Sente-se. Além de ser músico, sou técnico audiovisual e noto que muita gente saiu. Toda a gente está no processo de pôr isto tudo a andar outra vez, e pusemos esse sentimento aqui”, reflete.
Como “nada disto é feito no vácuo”, neste projeto - que poderia ser descrito como “pós-punk com sintetizadores”, embora um dia “se calhar lança um disco todo acústico” -, a sonoridade e temas mudaram "de forma natural”.
“Procuramos sempre novas formas de criar. Temos tocado cada vez mais com um projeto paralelo, Ilusão Gótica, mais experimental e instrumental, à base da improvisação. Tem alimentado muitas ideias, e temos arranjado esses mecanismos para descobrir novas linguagens”, reflete.
“Pós-Esmeralda” será apresentado em várias cidades, com duas datas inseridas no Supernova, em Leiria (27 de outubro) e Aveiro (24 de novembro), além de passagem em Lisboa, no Musicbox, a 4 de novembro.
A ‘jogar em casa’, há duas datas no Porto, no Ferro Bar, que incluem convidados para as datas de 16 e 17 de novembro, com o primeiro dia a contar com Solar Corona Elektrische Maschine e DJ Lynce, com Puto Mayo e Triunfo dos Acéfalos no segundo.
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