Há bons espetáculos de música ao vivo e depois há a comemoração dos 25 anos de carreira do David Fonseca. Que ultrapassa qualquer objectivo e abandona os habituais costumes, para dar lugar a um espetáculo multimédia imersivo e único, onde as luzes, o instrumental, as letras e as danças se sucedem a um ritmo alucinante. Foi o que aconteceu na sexta-feira, dia 15 de novembro, no Coliseu Porto Ageas.
No ecrã gigante, que começa por apresentar um vídeo em direto do David Fonseca, vê-se (e ouve-se) o primeiro tema do espetáculo, “Superstars”, que há-de terminar com o cantor já em palco, numa entrada apoteótica. Nem era preciso incitar o público para que este se manifestasse. O mote estava lançado «You did that crazy dance with me» e ficar sentado era tarefa árdua para muitos.
No alinhamento “Modern Love”, “Chama-me que eu vou”, “Chasing the Light” - assim, de rompante, de repente, com o metamorfoseado David, que domina o palco com uma maestria de anos e que se agiganta a cada tema.
Veja na galeria as imagens do concerto:
Uma pausa para respirar e apresentar o próximo tema, "muito pedido em casamentos, mas demasiado triste para sê-lo. Talvez num divórcio", remata o cantor. Tão triste quanto bela, segue-se “Someone That Cannot Love”, que dá lugar ao “Kiss me, oh Kiss me”.
Em retrospectiva, David confessa que ao olhar para a sua música, para selecionar as que integram o espetáculo chega a conclusão que "foram demais". Terão sido? Se um tema, mesmo que menos conhecido, tiver cunhado a vida de alguém, como só os grandes temas podem fazê-lo, não haverá canções a mais. Tempo para recuperar um desses temas, formidável aliás, “É-me igual.
Segue-se um tributo a Roy Orbison, que inspirou o tema que se segue “A Cry 4 Love”, para um instigante tema “Oh My Heart”, em plenos pulmões, o público canta (grita) "Oh my heart, stay out of my head / My head, get out of my heart".
No ecrã o saudoso Mário Viegas diz-nos que é "urgente o amor", enquanto se começam a ouvir os primeiros acordes de “Futuro Eu”.
O espetáculo segue, com os temas sendo desvelados, com ponto alto para a magistral versão de “O Corpo é que Paga”, de António Variações, que David confessa cantar em cada espetáculo, como forma de perpetuar um dos grandes nomes da música portuguesa (bonita homenagem!). A sala, sempre animada, rejubila ao som do tema dos Silence 4 - que regressam ao palcos em 2025 - “Borrow”.
O espetáculo fica também marcado pelas versões das «músicas novas», que todos deveriam ouvir, como “Flowers”, da Miley Cyrus, e “Glimpse of Us”, de Joji. Que nunca percamos a vontade - necessidade - de conhecer novas canções.
No encore, um sempre revigorado David Fonseca, continua na arte da música e na arte do entreter, com uma energia incrível, a que a plateia não consegue ficar indiferente. É tudo muito intenso, muito vivido, muito sentido.
Num espetáculo que celebra os 25 anos de carreira, do "miúdo de All Stars", indumentária atrevida, presenças inesperadas e ideias inusitadas, há um toque pessoal, uma identidade. Que venham mais 25.
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