A programação inclui concertos, exposições, ciclos de cinema e colóquios em diversas regiões, no contexto do projeto mais extenso "Portugal-Espanha: 50 anos de Cultura e Democracia", a desenvolver até 2025. As iniciativas de hoje estendem-se também à Catalunha e à Galiza.

“Lá no Xepangara” assenta no repertório de José Afonso que espelha referências de África tanto na música como na poesia, como disse à agência Lusa o guitarrista Manuel de Oliveira, que dirige o projeto, quando da sua apresentação, no passado mês de janeiro.

O espetáculo inspira-se numa das músicas de José Afonso do álbum “Coro dos tribunais” (1975) e junta em palco as vozes de Selma Uamusse, Isabel Novella, Karyna Gomes, Edu Mundo e Fred Martins, além de Pedro Oliveira (percussão), João Frade (acordeão), Albano Fonseca (baixo) e do próprio Manuel de Oliveira, cruzando expressões de diferentes países onde se fala português.

"Lá no Xepengara", que a embaixada portuguesa diz ser o "evento central" das "comemorações oficiais" da revolução em Espanha, será apresentado hoje ao fim da tarde no Museo del Traje, na capital espanhola, e conta com a presença da secretária de Estado da Cultura, Maria de Lurdes Craveiro.

Em Barcelona, na Catalunha, no Ateneu Barcelonês, realiza-se o colóquio “50 Anos de Democracia”, com o escritor e académico Gabriel Magalhães, e um concerto com canções de José Afonso, enquanto na Sala Oriel Bohigas, haverá uma "exposição virtual de cartazes do 25 de Abril".

Hoje também, na Galiza, de acordo com o programa divulgado pela embaixada, será inaugurada a exposição “50 Anos de abril – Poesia e Política”, no Polo do Instituto Camões em Vigo, com cartazes originais das primeiras eleições pós-revolução.

De volta a Madrid, a Cineteca do Matadero exibe “Fogo-Fátuo”, de João Pedro Rodrigues, ao final da tarde de hoje. Mais tarde, o Auditório Marcelino Camacho recebe uma homenagem a José Afonso, com a fadista Laureana e os artistas Luis Mendo e Bernardo Fuster.

A Filmoteca Espanhola inicia hoje também um ciclo dedicado ao 25 de Abril, com o título "A constelação dos Cravos: imaginários revolucionários em Portugal". O primeiro filme a ser exibido é "Prazer, Camaradas", de José Filipe Costa.

Esta programação em Espanha a propósito da revolução de 1974 teve já manifestações desde o passado dia 12, em Madrid, nas Casas Museu Cervantes e Lope de Vega, com a inauguração da exposição "Mutações: Conexões excecionais", que ficará patente até junho, com seis artistas portugueses e espanhóis e curadoria de Sérgio Fazenda Rodrigues e Virginia Torrente.

A Filmoteca da Galiza iniciou na quarta-feira um ciclo de documentários dedicados aos 50 anos do 25 de Abril, que se vai estender até 03 de maio.

Ainda na Galiza, o Polo do Instituto Camões em Vigo também promove sessões de cinema sobre "o 25 de Abril e as Transições Democráticas".

Para sexta-feira, dia 26 de abril, está previsto um "recital poético" em Valência, no Centro de Língua Portuguesa da universidade, que terá como convidada a poeta e tradutora Sandra Santos.

A embaixada portuguesa em Madrid destaca ainda a publicação este mês em Espanha de vários livros relacionados com Portugal: "Arde la palabra y otros incendios”, de Ana Luísa Amaral (editora La Umbria y la Solana); "Diccionario de artistas", de Gonçalo M. Tavares (La Umbria y la Solana); “Abril es un país”, da correspondente do jornal El País em Lisboa, Tereixa Constenla (Tusquets Editores); e “Mojar la pólvora”, de Alfonso Domingo (La Esfera de los Libros).

A Programação Conjunta “Portugal-Espanha: 50 anos de Cultura e Democracia”, apresentada no passado mês de março, irá estender-se até setembro de 2025, com o objetivo de celebrar o papel da cultura nos processos de transição para a democracia nos dois países.

“Portugal-Espanha: 50 anos de Cultura e Democracia”, resulta da colaboração entre organismos tutelados pelos Ministérios da Cultura e dos Negócios Estrangeiros dos dois países.