A HISTÓRIA: Um mecânico genial com antecedentes criminais procura a única prova que pode ilibá-lo de uma acusação de homicídio: uma simples bala perdida num carro desaparecido.

"Bala Perdida" está disponível na Netflix Portugal a partir de 19 de junho.


Crítica: Hugo Gomes

À primeira vista, as comparações com a saga “Velocidade Furiosa” são inevitáveis nesta estreia de Guillaume Pierret no universo das longas-metragens com o selo “qualitativo” da Netflix.

Só que, de vez em quando, as aparências (des)iludem: o que poderia ter sido mais uma daquelas tentativas de reciclar e rentabilizar de forma fácil uma fórmula que faz parte do imaginário do grande público é um eficaz "thriller" de ação.

Portanto, alívio: não temos aqui um daqueles ensaios (chamemos assim) como o espanhol “Combustão” (Daniel Calparsoro, 2013) e até mesmo o português, a andar pelo amadorismo, “100 Volta” (Daniel Souza, 2009), que não saíram do oportunismo mais básico do “cinema comercial”.

“Bala Perdida” recorre com algum humor nada espalhafatoso a orquestradas sequências de ação em espaços fechados (o coordenador de "stunts", Emmanuel Lanzi, esteve por detrás de trabalhos como “Danny the Dog”, “Gangs do Bairro 13” e “Taken: Busca Implacável”), assim como as perseguições dinamizadas a relembrar anteriores fenómenos de sucesso de bilheteira “gaulês” (“Taxi”) que o sustentam como filme e não envergonham em comparações com os "primos" americanos.

Por entre estas doses do entretenimento mais calórico, Guillaume Pierret (também responsável pelo argumento) opera um exercício clássico e atencioso que respeita as regras veteranas (e, por vezes eficazes, mesmo nos tempos modernos) do policial no cinema: encontramos do "MacGuffin" inventado que serve como força motora do guião ao falso-culpado algo "hitchcockiano" que tenta provar a inocência por entre uma jornada vertiginosa e deveras malandrado, e um protagonista que foge dos lugares-comuns dos heróis de ação à americana.

No fim de contas, todos os caminhos que nos poderiam levar para a “xunguice” podem ser meros atalhos que levam às tradicionais veias de um cinema de ação energético e nem por isso, "desmiolado". "Bala Perdida" é uma agradável proposta no género.

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