Durante um evento no Facebook Live para falar sobre o seu próximo filme, “Wonder Wheel”, Woody Allen teve palavras pouco simpáticas para os grandes estúdios do Hollywood e o seu sistema.
Sem surpresa, o realizador de 81 anos começou por dizer que não tinha paciência para os responsáveis dos estúdios que querem ter uma palavra a dizer em termos criativos em troca de de financiarem os seus filmes.
"Quando faço um filme, gosto que as pessoas que financiam o filme, por vezes os estúdios, coloquem o dinheiro num saco castanho e depois se afastem. E seis meses mais tarde, dou-lhes o filme. Essa é a forma que sempre fui capaz de trabalhar, ter controlo total sobre cada aspeto do filme", explicou.
O problema é que, a certa altura, essa forma de fazer negócio deixou de interessar aos seus parceiros.
"Chegou a um ponto em que os estúdios diziam 'Não somos bancos. Se nos está a pedir 12 milhões de dólares, queremos ler o seu argumento, queremos saber quais os atores que está a escolher e queremos ter algum poder de decisão. Não somos simplesmente banqueiros", explicou o cineasta.
"Eu, por outro lado, acho que eles são, na melhor das hipóteses, banqueiros, se não mesmo criminosos, e disse ' Não, não podem ler o meu argumento e não estou interessando nas vossas opiniões'. Disse isto educadamente... e eles disseram simpaticamente 'Desaparece'", recordou.
Foi por isso que após "Match Point" em 2005, afirmou, conseguiu o que queria fazendo filmes na Europa.
Embora os seus últimos filmes tenham sido distribuídos por divisões pequenas dos grandes estúdios, como a Sony Pictures Classics, Woody Allen revelou que não se importa se os seus filmes são sucessos ou fracassos pois os estúdios não sabem o que fazer com eles.
"É sempre 'Vamos colocar este no verão porque vai ser contra-programação em relação aos grandes filmes' ou 'Vamos pôr este na Páscoa'. Existe sempre uma história para explicar por que razão o seu plano para realmente esmifrar o último dólar das bilheteiras falhou miseravelmente e o filme é considerado um flop", desabafou.
Para a Amazon Studios, que financiou com 25 milhões “Wonder Wheel”, que junta Justin Timberlake e Kate Winslet, Allen reservou palavras simpáticas, dizendo que faziam parte do "grupo de otários ricos patrono das artes"... no melhor dos sentidos.
“A Amazon é o exemplo perfeito da empresa que tem tanto sucesso que alguém como eu representa trocos. Estes tipos fazem muitos milhões, podem ir ao bolso deles e dizer 'Dêem-lhe e calem-no', e faço o meu filme e se fizer alguns dólares vocês nem notam no índice da Amazon. E se perder alguns dólares, eles estão-se nas tintas", concluiu.
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