A "primeira parte" da nova visão "unificada" dos super-heróis da DC no grande e pequeno ecrã para os próximos anos capaz de rivalizar com o Universo Cinematográfico Marvel vai incluir um Batman separado do universo de Robert Pattinson, Super-Homem, Supergirl, Lanterna Verde e até uma produção ao estilo de "A Guerra dos Tronos" com as amazonas do mundo de "Mulher-Maravilha".
A imprensa norte-americana revelou esta terça-feira os planos apresentados na véspera pelo realizador James Gunn e o produtor Peter Safran, os novos diretores executivos da DC Studios, que começam com dez filmes e séries de uma "primeira parte" do primeiro capítulo da visão "unificada" das histórias do Universo DC (DCU, pela sigla original), intitulada "Chapter 1: God and Monsters" [Capítulo Um: Deus e Monstros"].
"É a primeira vez que tudo o que está relacionado com a DC – cinema, televisão, imagem real, animação, jogos – está centrado numa visão criativa única, a do James e de mim próprio", explicou Peter Safran aos jornalistas.
"Vamos prometer que tudo, desde o nosso primeiro projeto, será unificado”, acrescentou Gunn, que esclareceu que quando veio dos filmes "Guardiões da Galáxia" da Marvel para a DC com a missão de fazer "O Esquadrão Suicida" e a série "Peacemaker", “ninguém [no estúdio] se estava a importar com a origem, estavam apenas a distribuir IP [Propriedade intelectual] como se fossem lembranças a quaisquer criadores que lhes sorrissem".
Os diretores executivos também disseram aos jornalistas que "não há nada que proíba" que possam continuar os atores dos quatro filmes do antigo regime de Walter Hamada na DC que faltam estrear: "Shazam! Fúria dos Deuses" (16 de março), "The Flash" (15 de junho), "Blue Beetle" (17 de agosto) e "Aquaman and the Lost Kingdom" (21 de dezembro).
Sim, isto inclui Ezra Miller, a problemática estrela de "The Flash", que Gunn descreveu como "provavelmente um dos melhores filmes de super-heróis alguma vez feitos".
Sobre o tema, Safran disse que o ator não-binário, envolvido em detenções e acusações de distúrbios, assédio e agressão, está "totalmente empenhado" no processo de recuperação para os "problemas complexos de saúde mental" que reconheceu em comunicado e está a ser apoiado pelo estúdio. E só "quando for a altura certa" e Miller estiver pronto para ter essa conversa, irão todos tentar perceber qual é a melhor direção a seguir.
Por agora, eis as confirmações da primeira fase do DCU, que junta novas versões de personagens e novidades surpreendentes, mas também o regresso de algumas presenças do "antigo" DC.
1. “Creature Commandos” (série)
Já em produção, o primeiro projeto será uma série de animação baseada na banda desenhada com o mesmo nome que junta vampiros, lobisomens e mortos-vivos no DCU. Os sete episódios foram todos escritos pelo próprio James Gunn.
"A animação irá conduzir à imagem real e de volta à animação", explicou Gunn sobre este universo unificado em que qualquer projeto que é animação pode vir a ter uma versão em imagem real e vice-versa. A intenção é que os atores que estão a ser escolhidos para dar voz à série também venham a interpretar as mesmas personagens numa eventual versão em imagem real.
Entre as personagens confirmadas para a série estão Weasel de “O Esquadrão Suicida" (interpretado por Sean Gunn, irmão de James Gunn) e Rick Flagg Sr.
2. “Waller” (série)
Como o título deixa perceber, passa por aqui o regresso de Viola Davis como Amanda Waller: a premiada atriz é uma sobrevivente da fase mais antiga da DC, já que a sua personagem fez a estreia no primeiro "Esquadrão Suicida" em 2016.
Aludindo a que se trata de um "multiverso", Gunn salientou que há personagens que estão a mudar, mas outras mantêm os mesmos atores: "a Viola continua a interpretar Waller e tem a equipa Peacemaker com ela".
Com argumentos de Chrystal Henry (“Watchmen”) e Jeremy Carver (“Doom Patrol”), a nova série vai situar-se temporalmente entre a primeira temporada da série "Peacemaker" e uma segunda que foi adiada: Gunn explicou que está ocupado a escrever "Creature Commandos" e...
3. "Superman Legacy" (filme)
“Creature Commandos” e “Waller” foram descritos como "aperitivos" antes do novo filme "Super-Homem" que James Gunn está (para já só) a escrever, um "reinício" que levou à saída de Henry Cavill.
"Não despedimos o Henry. O Henry nunca foi escolhido. Para mim, trata-se de quem é que quero escolher como Super-Homem e quem são os atores que os cineastas que temos querem escolher. E para mim, para esta história, não é o Henry". Gosto dele. acho que é um excelente tipo. Acho que foi mal tratado por imensas pessoas, incluindo o antigo regime neste estúdio. Mas este Super-Homem não é o Henry, por várias razões", explicou Gunn.
Para o duo de diretores executivos da DC Studios, este filme, com estreia "provisória" a 11 de julho de 2025, lançará a sério a sua visão do DCU.
"Está atualmente a ser escrito pelo James e espero sinceramente que ele possa ser persuadido, talvez, também a realizá-lo", destacou Safran (o que é uma alteração substancial: o anúncio oficioso nas redes sociais feito por James Gunn indicava que seria também o realizador).
"Não se trata de uma história de origem, concentra-se no Super-Homem a equilibrar a sua herança ''kryptoniana' com a sua educação humana. Ele é a personificação da Verdade, da Justiça e do American Way [os valores americanos]. Ele é bondade num mundo que pensa nesta como algo antiquado", acrescentou o produtor.
4. “Lanterns” (série)
Após a mal-amada versão com Ryan Reynolds, o super-herói Lanterna Verde regressa numa série já em preparação descrita como "um grande evento de TV com qualidade HBO".
"A nossa visão para isto é muito no género das [antologias] ‘True Detective’. Passa-se na Terra, tem dois dos nossos Lanterna Verde favoritos, Hal Jordan e John Stewart, numa espécie de mistério ao estilo de 'True Detective' e desempenha um papel muito importante na história principal que estamos a contar através do nosso cinema e televisão", descreveu Safran.
Esta série substitui outra que estava anunciada na "antiga" DC e teria como protagonistas Finn Wittrock e Jeremy Irvine.
5. “The Authority” (filme)
Uma adaptação da banda desenhada Warren Ellis e Bryan Hitch que vai incluir personagens da Wildstorm, uma editora que faz parte da DC.
"Uma das coisas em relação ao DCU é que não é apenas uma história de heróis e vilões e nem todos os filmes e séries de TV serão sobre os bons contra os maus, uma coisa gigante vem do céu e o bom vence", explicou Gunn.
Para o realizador, há heróis, vilões e os anti-heróis que ocupam uma área "cinzenta... e também outras personagens de carácter ainda mais duvidoso que fazem parte dos The Authority, descrita como uma anti-Liga da Justiça cujos membros acreditam que há problemas que não têm uma solução simples e os fins justificam os meios.
6. “Paradise Lost” (série)
Pode estar tremido um terceiro filme "Mulher-Maravilha" com Gal Gadot após a realizadora Patty Jenkins se ter decidido afastar do projeto por desentendimentos com o estúdio, mas a prioridade é mergulhar no universo das mulheres amazonas com esta série que se vai passar em Themiscyra, onde nasceu a heroína.
Situada antes do nascimento de Diana Prince, a produção vai centrar-se na "intriga política" de uma sociedade composta exclusivamente por mulheres e é descrito como sendo no mesmo registo da série "A Guerra dos Tronos".
"Qual a origem de uma ilha só de mulheres? Quais são as verdades bonitas e as verdades feias por trás de tudo isso, e como são as intrigas entre os diferentes jogadores de poder nessa sociedade?", destacou Gunn.
7. "The Brave and the Bold" (filme)
O regresso de Batman e Robin, mas muito longe do filme de má memória de 1997 com George Clooney e Chris O'Donnell.
Completamente separado da versão do Cavaleiro das Trevas de Robert Pattinson (que fará parte de uma linha de histórias que se passa fora da continuidade oficial), esta será a adaptação das bandas desenhadas escritas por Grant Morrison e apresentará o Bruce Wayne e Batman do DCU e "e também o nosso Robin favorito, Damian Wayne, que é um filho da mãe que mata assassinos", descreveu Gunn.
Batman só entra na vida de Damian quando esta já tem entre 8 a 10 anos, pelo esta será "uma história muito estranha entre pai e filho", acrescentou.
8. “Booster Gold” (série)
Após vários anos de avanços e recuos, vai avançar a adaptação do super-herói criado por Dan Jurgens e que viria a fazer parte da Liga da Justiça.
"É sobre um perdedor do futuro que usa a tecnologia básica do futuro para voltar ao presente e fingir ser um super-herói", esclareceu Safran.
"Essencialmente, alguém com Síndrome do impostor como um super-herói", apontou Gunn.
9. “Supergirl: Woman of Tomorrow” (filme)
Não será uma continuação da série produzida entre 2015 e 2021. De facto, esta Supergirl é "de um tipo muito diferente" do que estarão os espectadores à espera, prometeu o duo da DC Studios para esta adaptação das bandas desenhadas escritas por Tom King.
"No nosso [DCU], usamos contraste entre o Super-Homem, enviado para a Terra e criado por pais carinhosos desde que era criança, e a Supergirl [que só chegou na adolescência], criada num pedaço de rocha de Krypton que ficou à deriva quando o planeta se despedaçou e viu toda a gente à sua volta morrer de formas horríveis nos primeiros 14 anos da sua vida", explicou Gunn.
10. "Swamp Thing" (filme)
Este filme irá mergulhar nas "origens sombrias" da personagem conhecida como "Monstro do Pântano" em Portugal, que já teve uma série em 2019 que só durou uma temporada.
Segundo Safran, o projeto é um exemplo de como o DCU pode estar unificado, mas a intenção é que cada filme seja diferente: "Embora estejam interligadas, estas histórias não são todas iguais. Portanto, cada conjunto de cineastas trará a sua própria estética para estes filmes, e o que será divertido sé ver como estes trabalhos com tonalidades diferentes se misturarão no futuro".
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