Um pequeno filme independente sobre uma jovem enigmática que apanha um táxi no aeroporto JFK com um motorista que é um filósofo de rua, terá sido a melhor experiência profissional de Sean Penn em 15 anos.
"Daddio" foi escrito e realizado por Christy Hall e tem apenas dois atores: ao lado do vencedor de dois Óscares está Dakota Johnson, amiga e vizinha de Malibu que lhe apresentou o argumento sobre o que uma viagem que se torna confessional.
"Senti que isto poderia ser uma experiência agradável e isso agora seria importante para mim, talvez mais do que no passado”, disse o ator numa entrevista ao The New York Times [acesso pago].
De facto, foi a desilusão com Hollywood que levou Penn a "escapar" cada vez mais para o ativismo e o "jornalismo" sem qualquer pretensão de objetividade, envolvendo-se intensamente nos temas, que o levaram por exemplo à Ucrânia poucos dias antes da invasão da Rússia em fevereiro de 2022.
"Passei 15 anos infeliz nos sets. 'Milk’ foi a última vez que me diverti”, revela.
A jornalista Maureen Dowd conta que Penn "esfregou vigorosamente o rosto para mostrar como se sentia nos sets, mesmo com bons atores e produtores, como se estivesse a tentar apagar a experiência".
E verbaliza como era: "Sinto-me como um ator que está a interpretar um papel principal e é conhecido e está a ser bem pago, tem uma posição de liderança num filme e tem que aparecer com energia e, de certa forma, proteger o realizador. Estava a fingir ao passar por estas coisas e isso foi cansativo. Principalmente o que pensei foi: ‘Que horas são? Quando é que vai acabar?'".
"Milk", de 2008, sobre o assassinato de Harvey Milk, o primeiro político abertamente homossexual eleito para um cargo público na Califórnia, foi o segundo Óscar de Melhor Ator de Penn, cinco anos depois de "Mystic River".
Na altura, foi elogiado por ser um heterossexual a fazer de homossexual, algo que agora leva a protestos e a jornalista pergunta se poderia interpretar Milk.
A resposta é clara: "Não. Isso não poderia acontecer numa época como esta. É uma época de tremendo exagero".
E completa: "Trata-se de uma política tímida e ingénua em relação à imaginação humana".
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