Adaptado de um livro de não ficção, "Assassinos da Lua das Flores" ("Killers of the Flower Moon" no original) conta a história real dos assassinatos e desaparecimentos de nativos americanos da nação Osage na década de 1920 em terras ricas em petróleo no estado de Oklahoma, no centro dos EUA.
Esta quarta-feira à noite, num evento na passadeira vermelha no Lincoln Center de Manhattan, Martin Scorsese disse à France-Presse (AFP) que o seu filme sobre os crimes com 100 anos aborda temas vastos.
"É sobre um choque de culturas, a incompreensão mútua, o sentimento de direito - e pode ser (sobre) não apenas os americanos", revelou sobre o filme que rodou nas pradarias de Oklahoma com cerca de 40 nativos americanos osages incluídos no elenco.
O filme com orçamento de 200 milhões de dólares é protagonizado por Leonardo DiCaprio como Ernest Burkhart, um homem apaixonado por uma mulher nativa americana (interpretada por Lily Gladstone) que se vê envolvido numa trama arquitetada pelo seu tio, o magnata do gado faminto por petróleo William Hale, interpretado por Robert De Niro.
Um agente do FBI, papel de Jesse Plemons, é nomeado para solucionar os assassinatos.
"Assassinos da Lua das Flores" será lançado nos cinemas portugueses a 19 de outubro, antes de ficar disponível na Apple TV+ em data por anunciar.
A violência e os crimes retratados no filme “poderiam ocorrer em qualquer parte do mundo”, diz Scorsese.
“Acontece que é uma história que realmente atravessa milénios”, nota.
"É bom contar agora este tipo de história porque as pessoas estão a tentar fugir destas coisas. Mostrem, falem sobre isso”, acrescentou o realizador de títulos como "Taxi Driver", "O Touro Enraivecido", "Tudo Bons Rapazes" e "The Departed - Entre inimigos".
O escritor norte-americano David Grann, cujo livro foi adaptado, disse à AFP que a história cobre “um dos mais monstruosos crimes e injustiças raciais cometidos por colonos brancos contra os nativos americanos pelo dinheiro do petróleo”.
“O que importa fundamentalmente é o que acontece quando a ganância se funde com a desumanização de outras pessoas”, disse o também jornalista da New Yorker.
"E o que isso levou foram a estes crimes genocidas", apontou.
Grann acredita que a história da tribo Osage e de muitos nativos americanos nos EUA foi "em grande parte apagada da nossa consciência".
“Isto não foi ensinado em nenhum dos meus livros escolares. Nunca aprendi sobre isso”, disse.
Em 2021, o presidente Joe Biden tornou-se o primeiro presidente dos EUA a emitir uma proclamação para o Dia dos Povos Indígenas, que coincide com o feriado nacional cada vez mais controverso que celebra o explorador Cristóvão Colombo.
O líder principal da nação Osage, Geoffrey Standing Bear, também apareceu na passadeira vermelha do filme.
“Não é apenas o povo Osage – todos os povos nativos passaram por momentos difíceis durante 500 anos”, disse o líder norte-americano.
“E este filme mostra-nos que isso ainda continua. Não foi há muito tempo. Era a geração dos meus avós quando este filme, os factos nele contidos, ocorreram", explicou.
"Na viragem do século 20, o petróleo trouxe fortuna à Nação Osage, e os seus habitantes tornaram-se pessoas ricas de um dia para o outro. A riqueza destes Nativos Americanos, rapidamente atraiu intrusos brancos, que manipularam, extorquiram tudo o puderam, até recorrerem ao assassinato. Baseado numa história verídica e contada através do improvável romance de Ernest Burkhart (DiCaprio) e Mollie Kyle (Gladstone), “Assassinos da Lua das Flores” é um épico western, onde o verdadeiro amor cruza caminhos da mais cruel traição", destaca a sinopse oficial daquele que é considerado um dos títulos incontornáveis da próxima temporada de prémios.
TRAILER LEGENDADO.
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